ATA DA SEXAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 29-8-2005.
Aos vinte e nove dias do mês de agosto do ano de
dois mil e cinco, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho,
a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada,
sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos
Comassetto, Elói Guimarães, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, João Carlos
Nedel, Maristela Maffei, Mônica Leal, Nereu D'Avila, Professor Garcia, Raul
Carrion e Sofia Cavedon. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os
Vereadores Alceu Brasinha, Almerindo
Filho, Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, Claudio Sebenelo, Dr.
Goulart, Ervino Besson, Haroldo de Souza, Luiz Braz, Manuela d'Ávila, Márcio
Bins Ely, Margarete Moraes, Maria Celeste, Mario Fraga, Maristela Meneghetti,
Maurício Dziedricki, Neuza Canabarro, Paulo Odone e Sebastião Melo. À MESA,
foram encaminhados, pela Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do
MERCOSUL, o Pedido de Informações nº 212/05 (Processo nº 5156/05); pelo
Vereador Adeli Sell, o Pedido de Informações nº 213/05 (Processo nº 5181/05);
pelo Vereador Bernardino Vendruscolo, o Pedido de Providências nº 1984/05 (Processo
nº 5083/05); pelo Vereador Claudio Sebenelo, o Pedido de Providências nº
1929/05 (Processo nº 4997/05); pelo Vereador Haroldo de Souza, os Pedidos de
Providências nos 1999, 2000, 2001, 2007, 2008 e 2009/05 (Processos nos
5107, 5109, 5110, 5116, 5117 e 5118/05, respectivamente); pelo Vereador João
Carlos Nedel, os Pedidos de Providências nos 1985, 1986, 1990, 2010
e 2011/05 (Processos nos 5085, 5088, 5098, 5133 e 5134/05,
respectivamente); pelo Vereador Márcio Bins Ely, o Pedido de Providências nº
2014/05 (Processo nº 5153/05); pelo Vereador Mario Fraga, juntamente com o
Vereador Márcio Bins Ely, o Projeto de Lei do Legislativo nº 070/05 (Processo
nº 1461/05); pela Vereadora Maristela Maffei, o Projeto de Lei do Legislativo
nº 242/05 (Processo nº 5074/05); pela Vereadora Maristela Meneghetti, o Pedido
de Providências nº 2012/05 (Processo nº 5139/05); pela Vereadora Neuza
Canabarro, os Projetos de Lei do Legislativo nos 239 e 243/05 (Processos
nos 4998 e 5124/05, respectivamente); pelo Vereador Paulo Odone, o
Pedido de Providências nº 2013/05 (Processo nº 5140/05). Também, foram
apregoados os seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre:
de nº 273/05, encaminhando Veto Parcial ao Projeto de Lei do Executivo nº
009/05 (Processo nº 3525/05); de nº 274/05, encaminhando o Projeto de Lei do Executivo
nº 013/05 (Processo nº 5185/05); de nº 275/05, encaminhando o Projeto de Lei do
Executivo nº 014/05 (Processo nº 5186/05); de nº 279/05, encaminhando o Projeto
de Lei do Executivo nº 015/05 (Processo nº 5194/05). Do EXPEDIENTE, constaram:
Ofícios nos 10453419, 10453420, 10453421, 10453422, 10453423,
10453424, 10459514 e 10459515/05, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da
Saúde; Comunicado nº 121281/05, do Senhor José Henrique Paim Fernandes, Presidente
do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Na
ocasião, o Senhor Presidente determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Sexagésima
Terceira e Sexagésima Quarta Sessões Ordinárias e da Trigésima e Trigésima
Primeira Sessões Solenes, que deixaram
de ser votadas, em face à inexistência de quórum deliberativo. Em GRANDE
EXPEDIENTE, o Vereador Ibsen Pinheiro pronunciou-se a respeito do Projeto de
Lei do Legislativo nº 188/05, de sua autoria, que convoca consulta à população
para o cercamento de logradouros públicos como largos e parques, ressaltando
que a opinião da sociedade é fundamental para o encaminhamento dessa questão.
Ainda, lembrou que sua proposta seria executada juntamente com as eleições
parlamentares do próximo ano, utilizando a infraestrutura desse processo eleitoral.
O Vereador João Carlos Nedel comentou o transcurso do Dia Nacional do Combate
ao Fumo, citando dados relativos ao desenvolvimento de doenças ligadas ao tabagismo
e discorrendo a respeito da composição química do cigarro. Nesse contexto,
ressaltou prejuízos à saúde decorrentes desse hábito, debatendo o Projeto de
Lei Complementar do Legislativo nº 021/05, de sua autoria, o qual proíbe o uso
de produto fumígeno em recintos públicos fechados. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador
Adeli Sell saudou a presença, na Casa, do Senhor Carlos Mario Orozco. Também,
avaliou o sistema de segurança a que tem acesso a população gaúcha, elogiando
trabalho conjunto realizado pelas Polícias Estadual e Federal, que resultou na
prisão de quadrilha especializada em roubo de carros, mas propugnando por
medidas concretas dos órgãos públicos, para que sejam reduzidos os índices de
violência e criminalidade observados no Rio Grande do Sul. O Vereador Ervino
Besson, referindo-se à questão da violência na zona rural, manifestou-se contrariamente
ao desarmamento da população civil, mediante consulta popular. Ainda,
questionou a maneira como os moradores de propriedades rurais irão se defender
sem equipamentos adequados, alegando que a criminalidade poderá aumentar em
regiões menos povoadas e que haverá mais desempregos no País em função do fechamento
de empresas ligadas ao setor de armas e munições. O Vereador Raul Carrion agradeceu
o Vereador Dr. Goulart pela iniciativa de denominar o complexo de viadutos na
entrada de Porto Alegre como Carrion Júnior, irmão de Sua Excelência. Também,
avaliou reunião da Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação, realizada
na Federação dos Comerciários do Rio Grande do Sul, para tratar do comércio
informal na Cidade, e criticou declarações do Vereador Adeli Sell, no Programa
Polêmica, da Rádio Gaúcha, em relação a essa matéria. Na oportunidade, o
Vereador Adeli Sell formulou Requerimento verbal, solicitando a retirada de
termos constantes no pronunciamento do Vereador Raul Carrion, durante o período
de Comunicações, tendo o Vereador Raul Carrion manifestado-se sobre o assunto.
Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Claudio Sebenelo discorreu sobre o transcurso, hoje,
do Dia Nacional de Combate ao Fumo, citando os malefícios causados pelo hábito
de fumar e denunciando o uso, pela indústria tabagista, de técnicas de propaganda
subliminar, direcionadas inclusive para crianças e adolescentes. Ainda, frisou
a necessidade de conscientização dos agentes públicos quanto às desvantagens do
incentivo à produção e comercialização do cigarro. O Vereador Dr. Goulart
registrou sua satisfação em ter proposto a denominação do complexo viário de
acesso ao Aeroporto Internacional Salgado Filho como Carrion Junior. Ainda,
discorreu acerca dos malefícios do cigarro e das dificuldades em se extinguir o
plantio de fumo no Rio Grande do Sul, sugerindo sua substituição gradativa pelo
cultivo de vegetais para a fabricação de biodiesel, pelos benefícios que esse
combustível apresenta sobre os derivados de petróleo. Na ocasião, o Senhor
Presidente registrou a presença do ex-Deputado Federal Aldo Pinto. Em
COMUNICAÇÕES, o Vereador João Antonio Dib cobrou da Fundação de Assistência
Social e Cidadania o cercamento do albergue municipal na Rua Comendador
Azevedo, alegando que o movimento ali produzido pelos abrigados prejudica os
moradores e o comércio do entorno. Também, analisou a importância da fidelidade
partidária, externando sua posição de que os parlamentares devem se agregar em
torno de idéias e convicções, e não de interesses particulares. Em PAUTA
ESPECIAL, Discussão Preliminar, esteve, em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do
Executivo nº 011/05, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Professor
Garcia, Adeli Sell, Maristela Maffei, Carlos Comassetto e João Carlos Nedel. Na
oportunidade, por solicitação dos Vereadores Raul Carrion e Carlos Todeschini,
foi realizado um minuto de silêncio em homenagem póstuma, respectivamente, ao
Senhor Alberto de Los Santos, Cidadão Honorário de Porto Alegre, falecido
ontem, e ao Vereador Neri Eno Beier, Presidente da Câmara Municipal de São
Nicolau – RS, falecido no dia vinte e seis de agosto do corrente. Na ocasião, o
Senhor Presidente prestou informações sobre a redução do tempo destinado à realização
de minuto de silêncio em homenagens póstumas nesta Casa, tendo o Vereador
Claudio Sebenelo se manifestado sobre o assunto. Na oportunidade, foram apregoadas
as Emendas nos 01, 02 e 03, de autoria do Vereador Professor Garcia,
ao Projeto de Lei do Executivo nº 011/05 (Processo nº 5071/05), e a Emenda nº
02, de autoria da Vereadora Manuela d'Ávila e do Vereador Dr. Goulart, Líderes,
respectivamente, das Bancadas do PcdoB e do PDT, ao Projeto de Lei do
Legislativo nº 034/05 (Processo nº 0661/05). Em PAUTA, Discussão Preliminar,
estiveram: em 1ª Sessão, o Substitutivo nº 01 aposto ao Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 028/05, discutido pelos Vereadores Carlos
Comassetto e João Carlos Nedel; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo
nos 129, 220, 229, 237, 005/05, este discutido pelos Vereadores João
Antonio Dib e João Carlos Nedel, 202/05, discutido pelos Vereadores João
Antonio Dib, Professor Garcia e Adeli Sell, o Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 004/05, discutido pelo Vereador Professor Garcia, os Projetos de
Resolução nos 123 e 124/05; em 3ª Sessão, o Substitutivo nº 02
aposto ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 008/05, discutido pelo
Vereador Carlos Comassetto, o Substitutivo nº 01 aposto ao Projeto de Lei
Complementar do Legislativo nº 034/05, os Projetos de Lei do Legislativo nos
167, 190 e 222/05. A seguir, o Vereador Raul Carrion procedeu à entrega, ao
Senhor Presidente, de cópia do pronunciamento do Senhor Hélgio Trindade,
realizado na Vigésima Oitava Sessão Solene, quando Sua Senhoria recebeu o
Título de Cidadão Honorário de Porto Alegre, tendo o Senhor Presidente
informado que esse discurso seria incluído no acervo do Memorial deste
Legislativo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Manuela d'Ávila rechaçou
declarações do Senador Jorge Bornhausen em relação à crise política no Governo
Federal, afirmando que, pela história do Partido da Frente Liberal, sua postura
é equivocada. Nesse sentido, discordou de manifestação do Prefeito de São
Paulo, José Serra, argumentando que denúncias de corrupção não foram investigadas
durante o mandato do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Na ocasião, o
Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Pedro Gus, Secretário
Municipal de Saúde. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Bernardino Vendruscolo
defendeu uma maior discussão sobre denúncias apresentadas pelo Vereador Adeli
Sell em relação à cooperativa que presta serviços a esta Casa, alegando que
este Legislativo é responsável pela fiscalização das empresas que contrata. Ainda,
frisou que cooperativas mal organizadas podem gerar problemas legais para seus
contratantes, sustentando que muitos trabalhadores cooperativados não conhecem
seus direitos. O Vereador Claudio Sebenelo, enfocando a necessidade de que os
pronunciamentos nesta Casa sejam feitos com o devido respeito às pessoas e aos
Partidos, criticou a Vereadora Manuela d'Ávila por declarações feitas em relação
a membros do Partido da Social Democracia Brasileira, especialmente ao
ex-Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, e asseverou que os
Partidos de oposição ao Governo Federal não podem ser culpados pela crise que
atinge o País atualmente. O Vereador Ervino Besson examinou a tramitação de
Projeto de Lei de sua autoria, que prevê que a conta de abastecimento do
Departamento Municipal de Água e Esgotos seja entregue em nome do proprietário
do estabelecimento. Nesse sentido, divergiu do parecer contrário ao Projeto,
aprovado na Comissão de Constituição e Justiça, ressaltando a importância dessa
iniciativa para a população porto-alegrense e afirmando que reapresentará o
Projeto oportunamente. O Vereador Maurício Dziedricki, registrando sua presença
na solenidade em homenagem ao Dia do Soldado, realizada hoje no Regimento da
Polícia do Exército, onde foi outorgada a Medalha Marechal Zenóbio da Costa a
diversas personalidades, propôs o uso da Polícia do Exército para melhorar a
segurança pública no Brasil. Ainda, reportou-se ao assassinato da advogada
Beatriz Fabres, cobrando discussão mais aprofundada sobre alternativas para a
diminuição da criminalidade no País. O Vereador Professor Garcia citou a
aprovação, em novembro de mil novecentos e noventa e nove, da terceirização dos
serviços de limpeza da Casa, avaliando a forma como está constituída a
Cooperativa atualmente responsável por esses serviços. Sobre o assunto, lembrou
o desamparo assistencial em que se encontram os associados dessa empresa, destacando
que esses trabalhadores não efetuam recolhimento ao Instituto Nacional do
Seguro Social – INSS. A Vereadora Maristela Maffei abordou o Projeto de Lei do
Executivo n° 011/05, que dispõe sobre as diretrizes orçamentárias para o ano de
dois mil e seis, defendendo a participação da comunidade na definição das metas
a serem priorizadas nesse Projeto. Ainda, referiu-se à situação política
vivenciada pelo Partido dos Trabalhadores, afirmando que esse Partido saberá
enfrentar suas dificuldades e promoverá as mudanças necessárias, tendo como
base os ideais que nortearam sua fundação. O Vereador João Carlos Nedel
contestou a transferência, pelo Ministério da Educação, da data das provas do
Exame Nacional do Ensino Médio, declarando que essa medida inviabilizará a
concessão de auxílios financeiros a estudantes que ingressariam no curso
universitário neste semestre. Também, criticou o Decreto Federal nº 5.513/05,
que reestrutura o Instituto Nacional do Seguro Social
– INSS, frisando que essa legislação extinguirá a superintendência desse Órgão,
existente no Estado. Após, a Vereadora Maristela Maffei registrou sua
inconformidade com termos usados no pronunciamento hoje efetuado pelo Vereador
João Carlos Nedel, em Comunicação de Líder, tendo o Vereador Claudio Sebenelo
manifestado-se sobre o assunto. A seguir, constatada a existência de quórum,
foi iniciada a ORDEM DO DIA. Às dezessete horas e trinta e sete minutos, os
trabalhos foram regimentalmente suspensos, para a realização de reunião
conjunta de Comissões Permanentes, sendo retomados às dezessete horas e
cinqüenta e oito minutos, constatada a existência de quórum. Na ocasião, o
Senhor Presidente prestou informações acerca da tramitação e da apreciação,
neste Legislativo, do Recurso apresentado pelo Vereador Luiz Braz (Processo nº
1339/05), tendo se manifestado a respeito os Vereadores Luiz Braz, Sofia
Cavedon, Ibsen Pinheiro e Paulo Odone. Em Votação, foi rejeitado o Recurso
apresentado pelo Vereador Luiz Braz, por meio do Requerimento nº 069/05 (Processo
nº 1339/05), referente à decisão do Presidente desta Casa no que diz respeito à
interpretação do artigo 173 do Regimento, aplicada durante a votação do
Requerimento nº 146/04, em vinte e um de fevereiro de dois mil e cinco. Às
dezoito horas e onze minutos, o Senhor Presidente informou que nada mais havia
a tratar e declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelos Vereadores Elói Guimarães, Aldacir Oliboni e Nereu d’Avila e
secretariados pelo Vereador Nereu D’Avila. Do que eu, Nereu D’Avila, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos ao
O Ver. Ibsen Pinheiro está com a
palavra em Grande Expediente.
O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente, meus
colegas de representação popular, vou dedicar estes minutos do Grande
Expediente, numa Casa ainda um pouco silenciosa pelo início dos trabalhos, a um
esporte pouco praticado entre nós aqui, que é falar bem de nós próprios. Há
quase trinta anos, fui Vereador; agora, voltei a esta Casa e notei algumas
novidades, mas quero registrar uma velha virtude da nossa Casa, que tem uma
testemunha ocular e presencial, que é o Ver. João Antonio Dib, e outras
testemunhas privilegiadas mais recentes, que somos todos nós.
Ver. Dib, sempre me impressionou
a proximidade desta Casa com os problemas da nossa Cidade. Esses problemas
repercutem diariamente, e, embora nós sejamos também um fórum de avaliação dos
temas nacionais, estaduais, mundiais e da inquietação humana de um modo geral,
agradou-me ver o quanto a nossa Casa está voltada aos problemas da Cidade. Eu
próprio estou apresentando alguns Projetos de Resolução; outros, de Lei, e, em
alguns casos, apoiando o de outros companheiros, apenas na intenção de conferir
um pouco mais de agilidade, na visão de vários colegas, ao processo
deliberativo, não que a deliberação seja a única atribuição, bem longe disso,
há a fiscalização e o debate também. Mas eu pude verificar, Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, o quanto esta Casa se volta às inquietações
do porto-alegrense.
Eu mesmo apresentei um Projeto de
Lei que tramita, acabou de cumprir Pauta, propondo um encaminhamento plebiscitário
para uma velha discussão porto-alegrense: cercar ou não cercar os parques
públicos da Cidade. A minha proposta é uma tentativa de cortar o debate,
fazendo uma divisão num certo nível: proponho o cercamento dos parques que
tenham cinco hectares ou mais de área, ou cinqüenta mil metros quadrados ou
mais. Eu tenho ouvido argumentos favoráveis e contrários tanto ao cercamento
quanto à dimensão da área a ser cercada; muitos defendendo para áreas maiores,
e, surpreendentemente, alguns propondo em áreas menores.
Tive o cuidado, no Projeto de
Lei, de deixar uma margem de submissão, de subordinação à avaliação do Poder
Executivo, porque, eventualmente, um parque imenso não pode ser integralmente
cercado, e, eventualmente, uma pequena praça requer, ou recomenda, um
cercamento especial.
Por essa razão a iniciativa do
Poder Executivo e a ouvida dos órgãos técnicos da Administração e dos órgãos
comunitários também poderão ser instrumentos de formação da deliberação, mas
cuidei de submeter o próprio caminho inicial à população da Cidade. Por isso
que a minha proposta não é uma idéia empedernida do cercamento, mas uma idéia,
esta sim, empedernida de que a Cidade, ela própria, decida sobre essa velha
inquietação.
É o caminho que proponho na forma
de Lei Complementar, idéia patrocinada pelo Ver. Professor Garcia em boa hora,
que enseja as condições para que, por iniciativa legislativa ou executiva, se
dê tramitação a um projeto de lei especial instituindo o plebiscito. Então, eu
diria que, basicamente, o objeto do Projeto de Lei de minha autoria, que está
agora na Comissão de Justiça, é muito mais no sentido do plebiscito do que na
intenção expressa do cercamento. Confesso minhas muitas dúvidas sobre o
cercamento, mas a minha clara certeza de que só a manifestação do povo eleitor
da Cidade é que constituirá a resposta a essa dúvida centenária, pelo menos.
Eu lembro aqui uma luta que era
solitária, do Ver. Paulo Sant’Ana, nosso colega na década de 70, uma voz
solitária que hoje é acompanhada pelas pesquisas, ao menos pela metade das
opiniões que se expressam, sinal de que a Cidade deseja uma solução para essa
sua dúvida e deseja um debate que envolva desde a violência até a preservação
do patrimônio público. Eu não vejo claramente que o cercamento possa ser o
elemento cerceador da violência urbana, tantas são as suas causas e tão
variadas são as suas manifestações; ao contrário, quanto à preservação do
patrimônio público no interior dos parques, percebo com muita clareza a
necessidade de medidas especiais de proteção, culminando, eventualmente, pelo
cercamento.
Alguns colegas tenho questionado
e tenho percebido a variedade de opiniões a respeito. Vossa Excelência, Ver.
Nereu, que nos preside neste momento, tem também uma história parlamentar de
dedicação a esse tema. Com isso, tenho encontrado uma resposta invariável, seja
qual for o posicionamento de cada uma, a resposta é invariável em favor da
solução plebiscitária. Minha proposta, eu penso que é engenhosa. Eu proponho o
plebiscito conjugadamente com a eleição de 2006. Ao contrário do plebiscito
sobre o desarmamento, que envolverá custo de centenas de milhões de reais, o
plebiscito que proponho, uma vez engajada a Justiça Eleitoral, como espero,
será uma iniciativa de custo zero, tanto para o Município de Porto Alegre como
para a própria Justiça Eleitoral, eis que a alteração da programação das urnas
eletrônicas para o voto provavelmente preliminar, como eu imagino, ou
posterior, como é possível, também, do eleitor da nossa Cidade, é uma
programação exclusiva das urnas de Porto Alegre, oferecendo ao eleitor a
oportunidade de um voto facultativo. Ele poderá ser questionado depois de votar
para Presidente, Deputado, Governador e Senador, por exemplo, se pretende votar
no plebiscito de Porto Alegre. E, respondendo “sim”, terá a oportunidade de se
manifestar a custo zero.
E vejo, Srs. Vereadores, uma
vantagem adicional: um plebiscito sobre um tema local é algo que aproxima, que
contribui para aproximar saudavelmente a Justiça Eleitoral do cidadão e do seu
dia-a-dia. Além de ser um instrumento para definir o modelo de país e de regime
em que vivemos, o processo democrático pode ser também uma resposta às
inquietações mais comezinhas da vida de campanário, como a vida dos nossos
parques. Uma Cidade como a nossa, que tem tantos e tão belos parques, merece
essa reflexão.
Eu ouvi de alguns freqüentadores
da Redenção um posicionamento que me pareceu muito interessante: “Somos
contrários ao cercamento”, disseram-se aqueles freqüentadores, “mas somos
favoráveis ao plebiscito”. Seja qual for o resultado do plebiscito, numérico,
um efeito desde já é visível, ele lançará mais luz sobre os nossos parques e o
cuidado que eles merecem do Poder Público. Por isso, é com confiança em cada um
dos integrantes desta Casa que traremos à apreciação dos Vereadores essa
proposta. Dividamo-nos, sim, sobre a forma e o conteúdo eventual do cercamento,
mas unamo-nos na submissão a uma vontade suprema: a do povo eleitor de Porto
Alegre.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João
Carlos Nedel está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de tempo do
Ver. João Antonio Dib.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, hoje é o Dia Mundial Contra o Fumo, e
esta Câmara, através da sua Comissão de Saúde, não poderia omitir-se desse
grave problema que afeta a população. Hoje, no mundo, morrem cinco milhões de
pessoas por causa do fumo. Isso é uma nova guerra de grandes proporções, é um
novo holocausto! Isso não pode mais acontecer, mas está acontecendo sob as
nossas barbas. Nós, que temos a certeza de que a vida é o maior talento que
Deus nos deu, estamos estragando essa vida por causa do maldito cigarro. Que
coisa séria!
Este é um cigarro gigante (Mostra
um “cigarro” feito de papel.), para que as pessoas vejam o mal que o cigarro
nos causa. Temos aqui um cartaz (Mostra cartaz.) que diz: “E tem gente que diz
que o cigarro não é droga”. O cigarro tem na sua composição o formol, que é
destinado para a manutenção de cadáveres, e nós fumamos e tragamos formol. As
meninas da taquigrafia estão me olhando aqui, eu acho muito importante. No
cigarro que as pessoas fumam, há acetona. Para que é usada a acetona? Para
retirar o esmalte das unhas das meninas, não é Ver. Oliboni, ilustre componente
da Comissão de Saúde desta Casa? O cigarro contém amônia, que nós usamos para
limpar os banheiros, para retirar a sujeira dos banheiros. Ele também contém
naftalina, que serve para matar baratas, e nós fumamos e levamos para o nosso
corpo naftalina. Que tristeza! Será que as pessoas são tão ignorantes que não
se importam com os malefícios que o cigarro traz?
O cigarro contém pólvora. Para
que serve a pólvora? Para explodir! Querem explodir o nosso corpo, um talento
que Deus nos deu. Tem ainda o cádmio, que é usado nas baterias, nas pilhas e
tem radiação. O cigarro contém xileno, que é usado na fabricação de tinta spray e causa muita dor de cabeça e
perda da consciência. Contém ainda acetato de chumbo, que é um cancerígeno
utilizado na fabricação de tintas, vernizes e também na gasolina. Tudo está no
cigarro. O cigarro contém quatro mil substâncias tóxicas, entre as quais,
oitenta são cancerígenas.
Eu tenho um Projeto que visa a
proteger o fumante passivo. Não quero obrigar ninguém a deixar de fumar, mas
proteger aquele que não quer fumar e fuma por tabela, fuma “fumaça de segunda
mão”. Um dado triste é que, no mundo, morrem cem mil pessoas por causa do fumo
passivo. Cem mil pessoas!
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Meu caro Ver. João Carlos Nedel, quero saudar
V. Exª e parabenizá-lo pelo seu pronunciamento. Saúdo também a Comissão de
Saúde desta Casa, que teve essa brilhante idéia, porque os nossos jovens usam
demasiadamente o cigarro, e o tabagismo é a porta que se abre para muitos tipos
de doenças. Quem sabe lá, Vereador, essas pessoas que nos assistem pela
TVCâmara, que são milhares, possam alertar os nossos jovens para que pensem
bem, porque o tabagismo é um grande malefício para a saúde das pessoas. Por que
estragar a saúde? Por que colocar fora a coisa mais preciosa, que é a saúde, a
vida humana, a qualidade de vida? Infelizmente, Ver. João Carlos Nedel, muitos
jovens estão com sua vida, com sua saúde extremamente comprometida por causa do
tabagismo. Sou grato a Vossa Excelência.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Obrigado, ilustre
Vereador.
O Sr. Aldacir Oliboni: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Nobre colega Vereador da Comissão de Saúde,
realmente é muito sugestivo: cigarro incomoda, sim, porque ele mata milhões e milhões
de pessoas diariamente, e quem fuma não percebe que seu colega ao lado pode não
fumar e ser prejudicado também. Creio que é uma questão de desinformação da
sociedade sobre os malefícios que trazem o fumo, portanto quero parabenizar a
sua iniciativa, como também a COSMAM. Que possamos cada dia mais divulgar os
malefícios do fumo. Muito obrigado.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Muito bem.
A Srª Mônica Leal: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Nedel, quero dar-lhe os parabéns e dizer que este,
na minha opinião, é um dos Projetos mais importantes que esta Casa pode
oportunizar ao cidadão. Concordo plenamente com V. Exª, pois nós temos que
fazer alguma coisa. São gerações que vão ganhar. Meus parabéns! Conte com o
nosso apoio. Como membro da Comissão de Saúde, já estou até com adesivo.
Parabéns.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Obrigado, Verª
Mônica.
Quero aqui mostrar mais um cartaz
sobre as mulheres grávidas que fumam (Mostra cartaz.): realmente é um crime
contra a criança, porque o fumo afeta o desenvolvimento do bebê, e, no futuro,
também afetará a sua inteligência. Hoje, em vários países, estão proibindo o
fumo em ambientes fechados. Soube, agora, que a Índia acabou com o fumo em
ambientes públicos fechados; na Irlanda, isso já acontece há mais tempo; em
Nova Iorque, já não se pode fumar em nenhum lugar público fechado; em Brasília,
isso já acontece; na Inglaterra, estão estudando, ainda não aprovaram, mas está
em adiantado estado de discussão. Então, estão provados os males que o cigarro
faz. No Japão, fizeram um estudo com as mulheres casadas com fumantes. As
mulheres que não fumam e que são casadas com fumantes morrem muito mais cedo.
Por que morrer antes se pode prevenir e deixar de fumar?
Eu espero que esta Casa analise o
meu Projeto com muita clareza, com muita precisão, e que nós possamos,
realmente, ter Porto Alegre com a melhor qualidade de vida, dizendo “não” ao
fumo em recintos fechados! Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos às
O Ver. Adeli Sell está com a
palavra em Comunicações.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, caras Vereadoras
e Vereadores, cidadãos e cidadãs de Porto Alegre, antes de tudo, eu gostaria de
saudar o Sr. Carlos Mario Orozco, da Colômbia, que nos visita, que participa de
um movimento extremamente importante contra a corrupção no seu país e que
estará participando de um evento, em breve, em Buenos Aires.
Hoje, como qualquer cidadão da
nossa Cidade que lê jornais, todos devemos estar muito espantados com as
notícias sobre a insegurança que grassa pela Cidade e pelo Estado. Uma
advogada, uma jovem advogada foi assassinada na Av. Protásio Alves - na Av.
Protásio Alves -, ela arrancou o carro quando foi abordada por um ladrão e foi
assassinada. Não foi o único caso gravíssimo que aconteceu em nossa Cidade:
pessoas que estavam no bingo foram feitas reféns; um jovem estudante foi morto
numa cidade do interior do Estado. E eu poderia aqui fazer uma lista enorme dos
últimos problemas de insegurança na nossa Cidade. São tantos, tantos e tantos,
como, por exemplo, a morte, na sexta-feira, do Vereador-Presidente da Câmara de
São Nicolau, que foi assassinado por motivos claramente políticos.
O Sr. Carlos Comassetto: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adeli, eu quero cumprimentá-lo pelo tema
e quero registrar aqui, neste momento, o que está acontecendo na Zona Sul de
Porto Alegre nos últimos dias: as gangues estão assaltando os sítios dos
produtores. Fecham a porteira, amarram as pessoas e levam tudo. Isso está sendo
reincidente, mais de dez sítios ou casas isoladas estão sofrendo com essa
gangue que está atuando na Zona Sul de Porto Alegre. Obrigado.
O Sr. Claudio Sebenelo: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Com todo o respeito, primeiro, meus parabéns,
realmente V. Exª aborda um tema importantíssimo; em segundo lugar, quero dizer
que esse tema é de alta complexidade; e, em terceiro lugar, nós estamos nos
acostumando a cometer um erro crasso em matéria de segurança. Toda a vez que há
um assassinato, como esse que houve na esquina da Av. Teixeira Mendes com a Av.
Protásio Alves, nós já dizemos que esse Secretário ou a política não valem
nada. Não, essas iniciativas individuais, esses crimes - inclusive são chamados
de crimes de espaço urbano - têm uma outra conotação que não depende da
política, depende muito mais das condições mentais das pessoas do que
propriamente de uma política de segurança. Seria um absurdo levarmos esse
assunto para a Secretaria de Segurança; deveríamos levá-lo para um nosocômio de
doentes mentais.
O SR. ADELI SELL: Eu respeito a sua opinião, não
fiz nenhuma crítica a ninguém. Estou apenas fazendo um conjunto de constatações
dos graves problemas. Mas as autoridades têm de ficar atentas e vigilantes,
sim. Hoje, eu fui questionado por um cidadão do bairro Rio Branco, mais uma
vez. É a sétima queixa feita por esse cidadão. Trata-se de uma casa noturna na
Rua Schiller, 65 - endereço esse que já mencionei aqui e em emissoras de rádio.
O terror é a noite inteira. Não é diferente na Rua Dona Laura, 40. Eu denunciei
o que estava acontecendo, e o estabelecimento foi, felizmente, fechado, mas o
sujeito abriu o local de novo; a Prefeitura teve de entrar na Delegacia de
Polícia, no caso da Rua Vasco da Gama, 1070. Então, são lugares, nós sabemos,
onde há programas gravíssimos de insegurança, e nós temos de tomar medidas
concretas.
Nesse sentido, é preciso seguir o
exemplo do trabalho comum que fez, dias atrás, a Polícia Federal e a Polícia
Civil, que levou à apreensão de mais de cem automóveis e ao desbaratamento de
uma quadrilha altamente sofisticada que fazia, inclusive, uma ação como se uma
empresa fosse, diversificando as suas ações, alugando armamento, como se fosse
um lugar onde as pessoas pudessem alugar um carro ou qualquer outro
equipamento. Então, é preciso que a Polícia tenha maior capacidade para
enfrentar essa situação, deve haver maior policiamento; evidentemente,
precisamos discutir, sim, as ações da Secretaria de Segurança Pública, porque o
Secretário nos prometeu, por exemplo, uma Delegacia especializada de combate à
pirataria, e até hoje nada aconteceu, mesmo com a iniciativa privada disposta a
dar todos os equipamentos e todas as condições.
Então, é preciso também registrar aqui que falta
vontade política, o que acontece não é apenas um problema social, e já
mostramos que, na maioria das vezes, não o é; sim, estamos demonstrando aqui
que, no Brasil, no Rio Grande do Sul, hoje, o crime compensa. Nós queremos
desmascarar essa situação e vamos lutar com todas as nossas forças contra essa
situação de insegurança na nossa Cidade. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Ervino
Besson está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Alceu
Brasinha.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Ver.
Elói Guimarães; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e
senhores que nos acompanham nas galerias e também pelo Canal 16 da TVCâmara,
queria saudar a todos.
No pronunciamento do Ver. Adeli
Sell e num aparte que cedi, o Ver. Carlos Comassetto registrou que estão
assaltando sítios, amarrando as pessoas e fazendo tudo o que é tipo de
barbárie. Concordo que existe essa informação. Agora, meus caros colegas
Vereadores, pessoas que nos assistem pelo Canal 16, no dia 23 de outubro, nós
vamos ter o referendo a respeito do desarmamento. Se essa Lei do Desarmamento
for aprovada, aí a situação ficará extremamente pior do que já está. Com todos
esses crimes que estão ocorrendo hoje em dia, Ver. Comassetto, eu pergunto a V.
Exª: se essa Lei do Desarmamento for aprovada, a pessoa de bem não poderá ter
uma arma em sua residência, em sua propriedade, para defender o seu patrimônio,
patrimônio esse garantido pela nossa Constituição?! Eu pergunto a Vossas
Excelências, às pessoas que nos assistem pela TVCâmara: como é que fica o nosso
povo?! Como é que fica a pessoa que é dona de uma propriedade? Como é que ela
irá defender o seu patrimônio, com todos esses crimes que estão acontecendo no
nosso dia-a-dia, os quais nós estamos acompanhando pela imprensa escrita,
falada e televisionada?!
No momento em que a bandidagem
ficar sabendo que o cidadão não poderá ter uma arma em sua residência, aí sim
eles tomarão conta das casas! Vão entrar na hora em que quiserem, no momento em
que quiserem e sairão quando quiserem, pois a pessoa não poderá ter uma arma
para se defender! E os marginais vão ficar sem armas? É claro que não, Ver.
Comassetto! Estão aí, em todos os jornais - eu acho que os Vereadores e a
sociedade devem estar acompanhando -, as pesquisas realizadas pela Segurança
Pública do nosso Estado: a maioria dos crimes é cometida por pessoas que portam
armas contrabandeadas! Eu repito, pela segunda vez: a maioria dos crimes é
cometida por pessoas que portam armas que vêm do contrabando!
Nesse referendo do dia 23, as
pessoas que não estão bem esclarecidas, talvez por informações passadas pela
imprensa ou por outros segmentos da sociedade, nem saberão como irão votar! É
uma decisão extremamente séria!
Estão aí as pesquisas: em países
de Primeiro Mundo, onde foi criada a Lei do Desarmamento, logo depois se
constatou que, num curto espaço de tempo, as coisas ficaram extremamente piores
do que estavam antes!
O Sr. Carlos Comassetto: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Eu quero contribuir com o seu pronunciamento,
trazendo aqui um depoimento concreto: no bairro Lami, no sítio do Sr.
Carlinhos, algumas pessoas foram assaltadas, inclusive o Frei Orlando, da
Capela de Belém Novo, que estava presente naquele momento. E qual foi a posição
de quem estava lá no momento do assalto? “Se nós tivéssemos uma arma, teríamos
reagido, poderíamos estar mortos ou teríamos armado mais os bandidos”. Esse
depoimento não é meu, mas de quem foi assaltado e não tinha arma em casa. Muito
obrigado.
O SR. ERVINO BESSON: Olhe, é uma posição
Vereador. É uma posição de Vossa Excelência. No seu aparte no pronunciamento do
Ver. Adeli não foi isso que V. Exª colocou; V. Exª teve uma posição e, agora,
neste aparte V. Exª tem outra posição! Pelo menos eu entendi assim...!
Agora, com o desarmamento, minha
gente, nós vamos criar mais problemas para a sociedade, vamos criar
desemprego... Quantos mil metalúrgicos trabalham nessas fábricas de armas?
Agora alguém diz assim: “Não, o desarmamento não proíbe a fabricação de armas”!
Ora, mas, se proíbe a venda de armas e munições, as nossas fábricas vão
fabricar esse material para vender para quem? Para quem? Eu, sinceramente, já
disse aqui nesta tribuna e vou dizer mais quantas vezes forem necessárias: eu
vou ser contra essa Lei do Desarmamento porque acredito que vamos desarmar
pessoas de bem e, cada vez mais, vamos dar condições para essa bandidagem tomar
conta e se adonar do campinho! Já estão quase se adonando hoje! Não é, Ver.
João Antonio Dib? Quer dizer, agora vão desarmar as pessoas de bem que têm
condições de ter uma arma em casa para defender o seu patrimônio, e como é que
fica a situação?
O Sr. Claudio Sebenelo: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Apenas eu acho que os critérios para o
desarmamento devem passar por um debate entre correntes acadêmicas que têm um
compromisso com a realidade, que têm um compromisso com o rigor científico das
conclusões. Não adianta nada eu chegar e dizer assim: “Olhem, eu não gosto de
arma, então vamos desarmar.” Ou: “Há que desarmar os bandidos”. Não! Eu acho
que há que se desarmar o bandido, é evidente! Mas como? Diga-me como? E a
segunda coisa é: adianta termos armas e nós mesmos sermos vítimas do porte de
arma? Porque o bandido saca muito mais rápido, tem muito mais treinamento, tem
muito mais munição, muito mais tecnologia para lançar mão do que uma pessoa
despreparada que nunca ouviu falar em dar tiro e que sai com o revólver na
cintura, mesmo não sendo bandido. Como é que fica? É essa a questão!
O SR. ERVINO BESSON: Agradeço o aparte, o
meu tempo já terminou. Eu concordo, em parte, com V. Exª, mas quero dizer que
V. Exª deve ter algum conhecido que tem um patrimônio, e, se esse cidadão usar
a arma para defender o seu patrimônio, ele é considerado um marginal, ele é colocado
no presídio que nem um marginal, Vereador!
Vereador, pelo amor de Deus, nós
temos que salvar essa parcela da população que nós temos, essa gente de bem!
O Sr. Claudio Sebenelo: Vossa Excelência acha, por exemplo, que a Organização
das Nações Unidas vai propor o desarmamento dos países sem ter uma conclusão
científica?
O SR. ERVINO BESSON: Vereador, a história
vai dizer quem tinha razão, a história vai ser a maior prova disso.
Eu quero agradecer ao Ver.
Brasinha, que me concedeu o seu tempo. Obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul
Carrion está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver.
Aldacir Oliboni.
O SR. RAUL CARRION: Exmo Presidente, Ver.
Elói Guimarães; demais Vereadores e Vereadoras, eu queria iniciar fazendo uma
referência e agradecendo ao Ver. Dr. Goulart a homenagem realizada neste
sábado, pela manhã, ao ser inaugurada uma placa denominativa do trevo Carrion
Júnior na entrada do Aeroporto, no complexo viário. Foi uma cerimônia muito
tocante, estavam presentes o Prefeito Fogaça, o Deputado Alceu Collares, a
Deputada Jussara Cony, a Verª Neuza Canabarro, este Vereador, parentes e
amigos, num ato bastante importante.
Em segundo lugar, queria me
referir a uma importantíssima reunião que a nossa Comissão, a CUTHAB, realizou
na terça-feira da semana passada no auditório da Federação dos Comerciários do
Rio Grande do Sul. Infelizmente, meu Presidente, não pudemos realizar nesta
Casa essa reunião ordinária da CUTHAB por falta de espaço adequado. Estiveram
presentes mais de cinqüenta pessoas, entre elas o Secretário Idenir Cecchin, da
SMIC; o Secretário Kevin Krieger, da Secretaria de Direitos Humanos e Segurança
Urbana; uma representação da Secretaria de Acessibilidade; feirantes das
Asferap; uma Comissão dos Comerciantes da Rua da Praia; o Sindicato dos
Ambulantes; a Artefan, Feira de Artesanato da Praça da Alfândega; o Sindilojas;
o Sindec; o CDL; o Sindicato dos Vendedores de Jornais e Revistas; a Associação
de Moradores do Centro; o Fórum dos PPDS; a UAMPA e outras representações para
discutir o problema complexo do comércio informal na nossa Cidade. Foi um
debate altamente qualificado, de diálogo, Verª Mônica, buscando compreender os
diferentes interesses em choque; nós temos que construir uma alternativa que
contemple de alguma forma o interesse maior da Cidade.
Houve a compreensão de todos no
sentido de que esse não é um problema de Polícia, de que não se resolverá com
atitudes “policialescas”, ou com alguém se julgando o xerife da Cidade, ele
será resolvido com muito diálogo, muita discussão e criatividade. Algumas
idéias centrais ficaram claras: primeiro, não há uma oposição de os ambulantes,
os camelôs irem para algum espaço, mas há compreensão de que esse espaço tem
que ser discutido e construído conjuntamente. E está descartada a idéia de
espaço vertical, por aí não haverá uma alternativa viável, é preciso construir
um espaço horizontal. A idéia da Prefeitura de um Camelódromo horizontal sobre
a Praça Rui Barbosa e em outros espaços tem uma acolhida favorável. Além da
questão de ser horizontal, uma outra idéia chave é a questão de esse espaço,
Verª Margarete Moraes, ser administrado pelo Poder Público. Não pode ser um
negócio da iniciativa privada, sob pena de não permitir absorver as
dificuldades desses trabalhadores.
Por fim, também o Estado precisa
pensar em atividades descentralizadas, não pode ser uma solução só para o
Centro. Quantos ambulantes, quantos camelôs são da Restinga!? Uma solução lá na
Restinga, criando um espaço para eles, um mercado popular, um Camelódromo,
evitaria até despesas. Ou quem sabe na Zona Norte? Em suma, é preciso criar
novas feiras, acoplar nas feiras livres e assim por diante.
Por fim, o Poder Público tem que
ajudar aqueles que trabalham com mercadorias ilegais para migrarem para
mercadorias legais; os que estão na informalidade querem vir para a
formalidade, mas precisam de apoio financeiro, de apoio técnico, de apoio para
a autoprodução, de apoio através de cooperativismo, incubadoras comerciais, de
apoio na questão da previdência, a que essas pessoas não têm acesso. Em suma,
são trabalhadores, na sua imensa maioria, honestos, Verª Maristela Maffei, que
merecem o nosso respeito.
Para concluir, eu queria lamentar
o ocorrido no dia seguinte, na Rádio Gaúcha, no programa Polêmica, do nosso
querido amigo Lauro Quadros, em que estavam presentes o Secretário Idenir
Cecchin; o Sr. José Alceu Marconato, do Sindilojas; o Ver. Adeli Sell e o
Presidente da Asferap, representante, hoje, dessa mobilização. Infelizmente, o
colega Adeli teve uma atitude extremamente deselegante, atacando o
representante dos ambulantes com a acusação - veja bem, Verª Mônica - de que
ele era comunista, de que era meu cabo eleitoral, de que este Vereador estava
fazendo populismo e incitando a luta dos camelôs pelos seus direitos. Quero
dizer que nós repudiamos essa atitude. Estou pedindo a fita para examinar, já
manifestei para a Bancada do PT a nossa insatisfação e quero dizer que esse
debate tem de ser travado de outra forma. Não é correto dessa forma; o Ver.
Adeli não pode, como fez há poucos dias com o Ver. Paulo Odone, partir para
esse tipo de agressão. Quero dizer que nós repudiamos esse comportamento. Os
ambulantes têm a sua autonomia, a sua independência, se algum eventualmente é
filiado a tal ou qual Partido, não cabe ao Ver. Adeli desqualificar o processo.
É isso, muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. ADELI SELL (Requerimento): Sr. Presidente, eu
peço ao Ver. Carrion que retire a palavra comunista, porque não usei essa
palavra. Se ele não retirar, vou pegar a fita, confrontar e vou processá-lo,
porque eu não aceito que alguém minta a respeito da minha fala. Solicito que
ele retire, porque eu não falei isso.
O SR. RAUL CARRION: Ver. Elói Guimarães, realmente
pedi a fita, vou verificar os dados; se ele não disse que era comunista, disse
que era do Partido Comunista do Brasil, que era cabo eleitoral meu, tentando
desqualificar o debate, que é um debate que deve ser travado em alto nível.
Então, é isso que eu tenho a dizer. De toda a forma, vou verificar a fita, o
que foi colocado, e igualmente repudio esse comportamento que eu entendo
inadequado.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Claudio
Sebenelo está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver.
Bernardino Vendruscolo.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, nesta tarde, 29 de agosto, na mesa de cada Vereador foi erigido um
obelisco em formato de cigarro para a lembrança das pessoas - Ver. Dr. Goulart,
o qual eu tenho certeza de que esposa o mesmo raciocínio que o meu - sobre o
verdadeiro genocídio causado pelo cigarro. Não há um ouvinte tão adequado às
minhas palavras como o Ver. Haroldo de Souza, pela sua voz potente e pela sua
laringe privilegiada, que tem de ser extremamente bem cuidada.
Mas, Vereador, eu vim aqui para
denunciar um crime de lesa-pátria das companhias fumageiras, com o uso de
mensagens subliminares nas propagandas para conseguir adesão ao vício do
cigarro. Não daqueles que já fumam, mas das crianças, dos adolescentes, das
pessoas que mais tarde, daqui a um ano, vão garantir o faturamento dessas
grandes empresas. É uma tragédia diária; nas enfermarias de pulmão, de coração,
de doenças vasculares periféricas é que nós vemos a tradução dessa indústria da
morte. Todos os Governadores que passaram ultimamente têm tirado fotografia na
inauguração das indústrias de cigarros, inclusive o nosso atual Governador,
lamentavelmente. Não adianta uma campanha dessas pedindo pessoa por pessoa que
cuide de sua família, que seus filhos não fumem, pela devastação que o cigarro
provoca no organismo das pessoas, e depois haver um potentíssimo argumento,
dado insensivelmente: o estímulo subliminar.
Para que vocês entendam, uma das
primeiras experiências de estímulo subliminar foi feita num cinema. Naqueles
quadradinhos do celulóide do cinema injetaram um quadrado só com saco de
pipoca. O filme passou, e ninguém viu o saco de pipoca, mas no fim da noite o
pipoqueiro estava rico. A propaganda subliminar, usada pelas companhias de
cigarro, contra a vontade das pessoas, independentemente da vontade das
pessoas, faz a curto, médio e longo prazo com que essas fumem. Há uma
penetração na vontade das pessoas, especialmente nas de menor idade e que ainda
não começaram com o vício do cigarro. São aliciados dessa forma. Há uma
publicação no jornal Folha de São Paulo comprovando o que estamos dizendo.
Neste dia de combate ao
tabagismo, quero que os homens públicos deste Estado saibam do mal que estão
fazendo quando dizem, publicamente, que vão abrir uma fábrica de cigarros. Sei
que isso traz impostos, que aumenta o faturamento oficial, que aumenta o número
de empregos, mas preferimos o desemprego ao uso dessa máquina mortífera e
infernal que vitima as pessoas. Cada vez mais se sabe que essas pessoas
indefesas sempre são pessoas maravilhosas, cuja ausência faz com que lamentemos
cada vez mais a perda dessas pessoas vitimadas, insensivelmente, pelo uso de
uma das drogas mais malignas e insuportáveis que se pode imaginar.
Essa droga é uma droga permitida,
Ver. Besson, e mesmo que V. Exª goste de armas e ache que armando as pessoas a
criminalidade vai diminuir, da mesma forma eu lhe peço: por favor, façamos essa
campanha anticigarro. Não contra os que fumam; mas contra o cigarro, contra os
males do cigarro, contra a tragédia que vive uma pessoa que tem que passar o
resto de sua vida com insuficiência respiratória ou com outros malefícios no
seu próprio corpo, condenada a uma vida da pior qualidade, a uma desgraça que
não mereceu, porque inocentemente começou a fazer uso de um vício que só tem um
destino: a morte.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. DR. GOULART: Sr. Presidente, grande Ver. Elói
Guimarães; Sras queridas Vereadoras, Vereadores, primeiro eu queria
agradecer as palavras do Ver. Carrion e dizer do momento emocionante que foi
inaugurar o conjunto de viadutos que vão para o Aeroporto com o nome do nosso
querido Carrion Junior. Queria também aproveitar para cumprimentar o Ver.
Sebenelo, um médico cuidadoso que tem sua profissão diretamente ligada ao
pulmão, esse fole precioso que a gente carrega dentro do peito bem perto do
coração e que serve para tirar do nosso mundo o oxigênio necessário para fazer
a usina do nosso corpo funcionar, para fazer o nosso cérebro se oxigenar,
guardar as memórias e fazer o raciocínio dos homens.
O Sr. Haroldo de Souza: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Dr. Goulart, eu agora parti para a acupuntura,
que é, como disse o senhor, ponto de agulha. E estou também associando - um
amigo me indicou - o laser. Eu estou
tentando parar de fumar, sim; na minha casa ninguém fuma. Eu queria também
dizer ao doutor que, por exemplo, se falar V. Exª muito do pulmão, eu vou ficar
preocupado, porque ontem mesmo eu gritei tranqüilamente os gols, e o cigarro não me atrapalhou. Eu não estou fazendo
propaganda de cigarro, mas infelizmente é assim. Será psicológico esse negócio
de fumar, doutor?
O SR. DR. GOULART: Muito obrigado pelo aparte,
Vereador. Vossa Excelência está tentando parar de fumar e diz que ontem gritou
os quatro gols do Internacional, de maneira intensa, e que não sentiu falta
nenhuma de ar. Vossa Excelência vai esperar para sentir a primeira falta de ar
para parar de fumar? Equivocado, Vossa Excelência! Pare agora, enquanto o seu
pulmão - de pessoa inocente e querida - ainda está funcionando bem! Não aguarde
os males para parar de fumar! Pare agora! Nós, que gostamos muito de V. Exª,
pedimos: Ver. Haroldo de Souza, grande radialista, grande homem que usa a voz e
o tórax, pare de fumar para viver mais anos junto conosco e para dar exemplo a
outras pessoas.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Meu caro colega, Ver. Dr. Goulart, quem sabe
lá a nossa melhor voz do Rio Grande! Repito: a melhor voz do Rio Grande! Quem
sabe se com esse seu pronunciamento o nosso querido Ver. Haroldo de Souza deixe
de fumar?
A Sra. Maristela Maffei: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Primeiro, quero cumprimentá-lo por nos trazer
mais elementos importantes. Fala aqui uma ex-fumante, e eu acho que não é um marketing dizer isso, mas
responsabilidade. Eu fico imaginando, com o carinho que nós temos pelo Ver.
Haroldo de Souza, como ele vai influenciar aquela juventude que o escuta e que
são seus fãs no dia em que ele chegar e disser: “Não estou mais fumando!” Eu
acho que vai ser o maior gol que nós teremos. Carinhosamente, Ver. Haroldo de
Souza. Obrigada.
O SR. DR. GOULART: Obrigado, Verª Maristela Maffei,
que nos diz que parou de fumar, que é uma ex-fumante. Então, nós que temos
tanto carinho por V. Exª, saberemos que vamos viver com qualidade perto da
nossa Vereadora.
Para a gente terminar com a
agricultura do fumo, vamos desempregar muita gente, mas nada impede que
passemos gradativamente a produzir, naquelas terras, mamona e outros que se
alinhem na fabricação do biodiesel, que é uma fonte de energia
renovável. Então, nós temos que começar a estudar isso, Srs. Vereadores - e
Srs. Deputados, também -, uma maneira de ir transformando a agricultura de fumo
em agricultura de vegetais que produzam óleos, que vão ser adicionados à
gasolina, que vão diminuir um pouco a poluição e que vão trazer solução para os
plantadores.
Ver. Sebenelo, um dos motivos que
me fez vir aqui é a admiração que tenho por V. Exª e também tenho que dizer que
meu pai, que sempre quis me ver falando numa tribuna parlamentar, não conseguiu
fazer isso, seis meses antes da minha primeira eleição para Vereador, ele
faleceu de enfisema pulmonar. Era um homem trabalhador e ajudou bastante João
Goulart; era um homem inteligente, era um homem bonito; morreu com o raciocínio
pleno, mas sem conseguir respirar nos últimos momentos de sua vida. Meu pai
querido, Cléber Piegas Goulart, faleceu de enfisema pulmonar por causa do
famigerado cigarro. Muito obrigado. (Amassa o “cigarro” de papel.) (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Queremos
anunciar, para honra da Casa, a presença do ex-Deputado Federal, Aldo Pinto,
ex-Secretário da Agricultura, ex-Presidente da Assembléia Legislativa. Nossos
cumprimentos, Deputado Aldo. (Palmas.)
O Ver. João Antonio Dib está com
a palavra em Comunicações.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, meu Partido, o Partido Progressista, também se
associa na saudação ao nobre Deputado Aldo Pinto. Bem-vindo sempre!
Sr. Presidente, eu ainda não perdi a esperança de
que a FASC - Fundação de Assistência Social e Comunitária - venha me dar a
grata informação de que o albergue municipal da Rua Comendador de Azevedo teve
a sua frente cercada, que está limpa, não há dejetos, não há colchões, não há
cobertores, não há roupa pendurada na frente daquele abrigo que é do Município
e que abre as suas portas pelas 17 horas ou 18 horas. E também, à noite, as
pessoas ficam fazendo música, fazendo algazarra, atrapalhando o trabalho
daqueles que desejam trabalhar com correção.
Mas, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores e Sras Vereadoras, o que é um Partido? Partido é uma
idéia em torno da qual se reúnem pessoas para compor um programa e, com
disciplina e muito trabalho, buscar a conquista do poder para a realização do
bem comum. Então, se um Partido é uma idéia, fico muito preocupado com aqueles
que trocam de Partido. Eu sei que trocar de idéia não significa um crime, até
os mais inteligentes, às vezes, trocam as suas idéias, mas as idéias
partidárias são mais difíceis de trocar, porque devem ser fruto de uma
convicção, de um trabalho, de um estudo.
E, de repente, eu vejo, alarmado,
que forças diferentes do meu Partido - que é o Partido Progressista, em quem eu
acredito, é idéia, programa, ação e disciplina para mim -, forças estranhas
tentam levar os nossos melhores quadros para outro Partido. Acho que nós temos
que acreditar nos nossos Partidos, acho importante que cada um tenha
convicções; é importante ter convicções, é importante acreditar que, com
disciplina, com programa - programa firme -, com ação, o Partido cresce; agora,
o Partido cresce para a coletividade. Mas parece que alguns se preocupam com
que o Partido lhes dê. Eu sempre disse que sou do Partido, não é meu o Partido:
eu é que sou do Partido. Então, eu tenho convicção, eu tenho que servir ao meu
Partido, e servir o meu Partido porque quero servir à coletividade, através do
seu programa.
E fico muito preocupado com as
notícias que os jornais nos trazem, diariamente, de pessoas que estão sendo
aliciadas por outros Partidos, por insatisfações, por coisas desagradáveis que
acontecem lá na Câmara Federal, mas nós, que temos convicção, que agimos com
correção, não precisamos trocar de Partido, não. Nós deveríamos é trocar
aqueles que estão equivocados, mas estamos fazendo o contrário, dando forças a
eles, dizendo que eles é que estão certos e que nós é que estaríamos errados.
Mas eu vou continuar sendo do Partido Progressista; aliás, comecei com a Arena,
depois fui para o PDS, para o PPR, para o PPB e para PP, mas é porque o Partido
trocou a sua sigla, eu não troquei a minha idéia e não vou trocar. Saúde e PAZ!
(Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Avila): Passamos à
DISCUSSÃO
PRELIMINAR
(06
oradores/10 minutos/com aparte)
1.ª
SESSÃO
PROC. N. 5071/05 -
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N. 011/05, que dispõe sobre as diretrizes orçamentárias para 2006 e dá outras
providências.
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Avila): O Ver. João Antonio
Dib está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, a
Câmara passa a viver agora um momento muito importante. São poucos os momentos
importantes que a Câmara vive este ano: o Plano Plurianual, que já foi decidido,
já foi analisado, e nós temos agora, hoje, o estudo, o debate inicial da Lei de
Diretrizes Orçamentárias. Bem, esta Lei é que vai definir como o Prefeito vai
organizar o Orçamento para o ano de 2006.
Eu devo dizer a V. Exas
que imaginei, sendo uma nova Administração, um novo ano, que tivéssemos uma
apresentação melhor, já que a apresentação do Plurianual foi muito boa;
imaginei que o Prefeito mandaria um texto bastante elucidativo do que seja a
sua solicitação de Diretrizes Orçamentárias.
Bem, eu quero dizer algumas
coisas que são importantes. Nós vamos ter seis dias de Pauta Especial - os
Vereadores todos sabem disso -, e nesses seis dias podem ser apresentadas
emendas. Eu gostaria que os Vereadores, neste que é um momento importante, um
dos mais importantes deste ano, examinassem e fizessem as emendas que desejarem
para não tumultuarem no final das contas o Relatório final, para que possa ser
bem apreciada aqui no plenário a Lei final.
Durante a Pauta, os Vereadores
todos podem apresentar emendas e ainda podem apresentar nas Comissões.
Portanto, até o dia 19 de setembro, os Vereadores podem apresentar, mas eu
solicitaria um empenho muito grande para que fizessem essa apresentação de
emendas antes desse período, para que pudéssemos fazer um Relatório, discutir
alguma coisa que precise ser discutida entre os Vereadores.
A população, por meio de suas
entidades ou eleitores, também pode apresentar emendas, mas só durante o
período de Pauta. Agora, eu quero chamar atenção para que não ocorra o que
ocorreu no Plano Plurianual; a Lei é clara quanto à apresentação de emendas
populares. As emendas populares serão subscritas por três entidades ou por
trezentos eleitores identificados. Mas há uma ressalva aqui: as emendas de que
trata esse parágrafo - as emendas populares -, quando apresentadas por
entidades tendo por objeto obras públicas, não serão apreciadas se contiverem
mais de uma obra. Portanto, pode apresentar apenas uma obra numa única emenda,
ou se a mesma entidade for signatária de diversas emendas. Então, quero chamar
a atenção das entidades: nós vamos permitir, vamos aceitar o que determina a
Lei Orgânica, ou seja, três entidades podem se somar e apresentar uma emenda;
nenhuma das três pode subscrever uma segunda emenda, nós não vamos aceitar.
A primeira Emenda Popular
aprovada aqui no Orçamento foi da UAMPA; fizeram uma pequena Emenda reduzindo -
e é preciso dizer onde vai ser reduzido, onde vai ser feita a modificação - uma
pequena parcela de publicidade do gabinete do Prefeito Tarso Genro. Ele respondeu,
depois, aprovando, é claro; o Plenário aprovou, foi sancionado, mas ele
respondeu suplementando a sua verba de publicidade que havia sido mal tocada em
13.206%. Treze mil, duzentos e seis por cento foi o que aumentou a verba de
publicidade de S. Exa. o Sr. Prefeito Tarso Fernando Hertz Genro!
Então, quero solicitar, mais uma
vez, aos Vereadores que ocupem este período de Pauta, comecem hoje a pesquisar
as emendas que desejam fazer, para que se possa fazer um bom estudo, uma
apreciação muito inteligente no plenário. E, para isso, a Diretoria Legislativa
já elaborou um tipo de formulário para que as emendas sejam apresentadas e haja
facilidade para o Relator que será sorteado fazer a análise das emendas
apresentadas. Nós vamos observar - eu vou insistir, não quero depois
incomodações, não quero que ninguém se aborreça -, nós vamos observar
rigorosamente os prazos. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Avila): O Ver.
Professor Garcia está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, dentro da linha do Ver. João Antonio Dib - nós já
havíamos conversado sobre a questão das emendas populares -, vou procurar fazer
aqui uma posição e uma orientação da doutrina dominante diante das normas
financeiras da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Nesta oportunidade, importa
lembrar as exigências postas à Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO. Ela é uma
das inovações introduzidas pela Constituição Federal a partir de 1988. Sua
finalidade básica, como se sabe, é orientar a elaboração da proposta
orçamentária anual. A competência de elaboração é sempre do Executivo, e já
tivemos a oportunidade de falar diversas vezes o porquê de os Vereadores terem
de ter cuidado, porque a LDO está vinculada ao Plano Plurianual, e, depois, o
Orçamento vai estar vinculado também à LDO. Como se trata de princípio
constitucional, é simultânea a adaptação e a recepção, no âmbito estadual e
municipal, da exigência, seja relativamente ao Plano Plurianual, seja à Lei de
Diretrizes Orçamentárias ou ao Orçamento Anual.
A LDO é indiscutivelmente de
especial importância para o Legislativo, pois representa a oportunidade de
participar do processo de elaboração do Orçamento antes que ele seja inteiramente
produzido pelo Executivo, porque permite maior participação do Parlamento na
definição final da Peça Orçamentária. No entanto, há algumas restrições
constitucionais e legais quando da tramitação das Leis Orçamentárias. É de se
lembrar ainda que, além da apreciação do Projeto de Lei das Diretrizes
Orçamentárias proposto pelo Executivo, existe a possibilidade de poder
emendá-lo, permitindo ao legislador uma concreta chance de contribuição na
definição dos termos a serem observados pelo Executivo, embora esta seja
restrita e limitada.
Conforme entendimento da doutrina
dominante, caberia, por exemplo, determinar setores que devem merecer a atenção
prioritária no que se referir a novos investimentos. Caberia até a determinação
de percentuais da despesa total ou dos investimentos para a aplicação, no caso,
por exemplo, na Saúde, Educação, Saneamento e outros. A fixação de dispositivos
sobre a cobrança de impostos e taxas poderia ser apropriadamente tratada na
LDO, mormente no tratamento da questão do déficit das finanças municipais.
Todavia, as limitações e restrições constitucionais devem ser cumpridas em
termos de estabelecimento de prioridades e metas determinadas para a elaboração
da proposta orçamentária em evidente compatibilização com o Plano Plurianual.
Os conteúdos da Lei de Diretrizes
Orçamentárias, segundo a Constituição Federal, são: metas e prioridades da
Administração, incluindo despesas de capital para o exercício financeiro
subseqüente; orientação para a elaboração da Lei Orçamentária anual e disposições
sobre alterações na legislação tributária.
No exame do Projeto da Lei de
Diretrizes Orçamentárias, entende-se ser dever da Câmara: verificar se existem
metas; examinar se as metas estão quantificadas; constatar se as metas constam
do Plano Plurianual e questionar a quantificação, se for necessário. Além de,
implicitamente, consagrar e assegurar o conteúdo do Plano Plurianual no
exercício financeiro a que a Lei de Diretrizes Orçamentárias se destina, as
metas deverão ser quantificadas. Em outras palavras: o que e quanto se objetiva
executar; como, por exemplo, reflorestar 53 hectares de área degradada;
aumentar em 150 toneladas mensais a coleta de resíduos sólidos nos bairros
periféricos; ampliar o Pronto Socorro Municipal para permitir a elevação em cem
atendimentos diários.
A Lei de Diretrizes Orçamentárias
deve conter metas e, sempre que possível, quantificadas.
Porém a Lei de Responsabilidade
Fiscal - Lei Complementar nº 101/2000 - ampliou o conteúdo original da LDO. De
início, exige que seja acompanhada de anexo de Metas Fiscais, demonstrando como
será alcançado e mantido o equilíbrio das finanças públicas e preservado o
patrimônio. Introduz, ainda, um conjunto de determinações, na busca de
equilíbrio entre as Receitas e as despesas, que deverá ser mantido durante a
execução. Seguem-se inúmeros dispositivos, tais como reserva de contingência;
limitação de empenhos e movimentação financeira; renúncia de Receitas,
compatibilidade das despesas criadas ou resultantes em expansão ou
aperfeiçoamento da ação governamental; despesas irrelevantes, etc., bem como o
Anexo de Riscos Fiscais.
Procuramos fazer essa posição e
orientação da doutrina para facilitar, e muito, as futuras discussões da LDO,
porque agora cada Vereador, ao se apropriar da Lei de Diretrizes Orçamentária,
poderá implementar as suas emendas, mas lembrando sempre daquilo que começamos
a verbalizar no início: as emendas deverão estar vinculadas ao Plano
Plurianual. Nós já apresentamos, inclusive, três emendas. Apenas em duas
fizemos alterações, uma quanto à questão de unidade de medida, porque fala em
25, e nós resolvemos quantificar que essa unidade de medida deveria ser em
percentual. Por que 25%? Num total de 100, a cada ano, nos próximos quatro
anos, 25%, chegando ao final de 2009 com 100%. E a outra alteração é quanto à
Emenda específica do Memorial da Capela de São Francisco de Chagas.
Nós teremos oportunidade, nas
próximas Sessões, de começar a discutir, de forma mais direta, alguns tópicos
específicos, como as questões de algumas Secretarias e algumas situações
pontuais. Mas entendemos que seja oportuno fazer esse relato, da possibilidade
de trabalharmos com as emendas. Nós constatamos que o Executivo contemplou e
especificou nas emendas da LDO tudo aquilo que havia sido acordado e votado no
Plano Plurianual. Isso facilita o trabalho e, provavelmente, vai fazer com que
grande parte de futuras emendas que poderiam ser apresentadas deixem de ser
apresentadas porque já estão apresentadas na LDO. Isso facilita e muito. Vamos
aguardar a questão da emendas populares. O Ver. João Dib fez uma ressalva, e eu
acho importante e também gostaria de alertar as diversas instituições
comunitárias para que façam, sim, as suas emendas, mas cuidando para não
fazê-las de uma comunidade para outra, pois esta pode não ter nada a ver com a
sua geografia - já tivemos situações como essa em anos anteriores. Este detalhe
é importante: as emendas populares devem visar àquilo que se busca em prol de
uma comunidade específica, numa situação pontual.
Por isso, Sr. Presidente,
queríamos fazer esse registro como uma contribuição para as próximas situações
em que vamos discutir a LDO. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Avila): Obrigado, Ver.
Professor Garcia.
O Ver. Adeli Sell está com a palavra
para discutir a Pauta Especial.
O art. 14 autoriza em 10% do
total da despesa autorizada para abertura de créditos suplementares. Ora, vejam
só, que pérola! Aqui houve críticas, houve quem propusesse - o pessoal que
agora é base do Governo - 0,5% de complementação; houve quem propusesse 3%.
Quanto foi na última LDO? De 3%. Se aceitássemos agora os 10%... As senhoras e
os senhores têm idéia do que significa 10% de suplementação num Orçamento acima
de 2 bilhões de reais? Significaria dar um cheque em branco de 215 milhões.
Não! É impossível! As senhoras e os senhores não vão querer que votemos
favoravelmente uma liberalidade dessas? Então, não precisa mais ter Câmara de
Vereadores; tudo é possível! Isso é para agradar a oposição, para que a gente
faça uma emenda baixando para 3%, para regatear para chegar a 5%? Não era essa
crítica que as senhoras e os senhores da base do Governo faziam ao PT, que se
colocava sempre um pouco acima para negociar? As senhoras e os senhores estão
fazendo a mesma coisa agora.
O Ver. João Dib lembra bem que,
quando discutíamos na Comissão de Economia, eu sempre tive a posição de
defender 5%; disse, está nos Anais desta Casa. Quando fui Secretário de
Políticas Públicas do PT, eu ia aos Municípios e dizia o seguinte: “Na situação
ou na oposição, 5% é um dado razoável e podemos discutir.” Agora, mais de 5%?
Cinco por cento já é o bastante! Mas tudo bem, nós sempre defendemos cinco,
continuarei defendendo cinco; agora 10%, convenhamos! Não dá!
O art. 15 e art. 16 criam um
programa e ação do PPA 2006/2009. Ora, se cria programa, há alteração do PPA,
precisa de lei específica ou não? Temos aqui a Diretoria Legislativa que está
nos ouvindo, temos a Procuradoria da Casa. Eu quero saber: para modificar o
PPA, ou melhor, para criar dois programas, é preciso ou não fazer uma
legislação que mude o PPA? Além disso, não há indicação ou fixação de recursos.
O Projeto apresenta, no Anexo I,
treze páginas com as metas dos programas e ações previstas no PPA. São treze
páginas! Mas não apresenta as metas do novo programa e da ação criada pelos
artigos 15 e 16. E há mais: em relação a essas metas, eu não vejo consistência
alguma, deveria, como eu disse, haver uma Exposição de Motivos para explicar
esse monte de números. Vou dar em exemplo: “Cidade acessível - fiscalização de
transportes não-motorizados, blitze
realizadas: 24.” Senhoras e senhores, não vamos nos enganar, a última blitz realizada foi no dia 18 de maio,
porque nós insistimos aqui, numa reunião, que não havia blitze para as carroças, foi realizada na Av. Sertório. Nós
passamos maio, junho, julho, agosto e estamos entrando em setembro, e onde
estão as blitze? Os senhores vêm
agora dizer que vão fazer 24, convenhamos! Vamos respeitar, chute não, vamos
deixar o chute para o Ronaldinho dar.
Há mais: o que chama a atenção é
que no Anexo II, em que apresenta tabelas de valores, há uma tabela na página
56 que diz: “Não vai”, mas veio. Era para vir ou não era para vir? E aqui há
uma preciosidade, que é a questão de pessoal. Eu quero que as senhoras e os
senhores, Ver. Sebastião Melo, V. Exª que entende de orçamento, me expliquem o
que consta na página 56 a respeito de previsão com despesa de pessoal e
encargos sociais, o que me impressiona. A previsão de 2005 é de um bilhão e 28
milhões; de 2006, 738 milhões; uma redução de 28%! Os senhores disseram que vão
aumentar o salário dos funcionários, mas aqui está diminuindo. Ver. João Dib,
V. Exª que é um defensor do funcionalismo - o que ninguém contesta -, como me
explica: se a previsão com despesa de pessoal, em 2005, é de um bilhão e 28
milhões, como é que em 2006 vai ser 738 milhões, caindo 28%? Em 2007, 779
milhões; em 2008, 816 milhões. Em 2008 vamos estar gastando menos em despesa de
pessoal e encargos sociais? Ou é chute de novo? Não sou eu que estou
inventando! Não é alguém encanzinado da oposição, não é o xiita que está
cobrando, é alguém que dialoga.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, na verdade estamos
estudando a Lei de Diretrizes Orçamentárias e os números ainda não estão
fixados, mas nos dá a entender que sejam estes. Evidentemente, eu não analisei
e acho até que é uma preocupação, se eu tinha um bilhão para pagar o pessoal,
se passar a ter 700 milhões, eu não vou pagar o pessoal. Pode não aumentar a
despesa, mas diminuir a despesa, não há como. Então, eu acho que precisa ser
revisado. Cumprimento V. Exª pela atenção já no primeiro dia, e vale a pena;
vamos olhar.
O SR. ADELI SELL: Eu gosto desse comportamento,
Ver. João Dib, porque acho que assim a gente vai ajudar a Prefeitura a resolver
os seus problemas. Como eu disse aqui e repito, Presidente, nós estamos aqui
para ajudar a Cidade. Oposição tem que ser propositiva, e é isso que eu fiz.
Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª
Maristela Maffei está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, neste primeiro dia em que
vamos estar discutindo a LDO, é bom sempre fazermos uma reflexão. Quero voltar
ao Plurianual, e o Ver. Adeli Sell fez uma boa retrospectiva para que a gente
entre na LDO. Lá no Plurianual nós já refletíamos sobre a questão da participação,
e é a isso que quero me ater aqui, porque nós temos visto uma Porto Alegre
muito triste, que, além de estar muito suja e desorganizada, tem ainda um
problema maior, porque não estão atingindo o PT, estão atingindo a questão da
filosofia, que é a participação, aquilo que deveria ficar, independente de
qualquer Partido. Esta Administração, com menos de um ano, está conseguindo
fazer disso uma tragédia, e isso é muito grave na acepção da política, porque
não é a questão da política partidária, é política como vida, como exemplo, e
aí se vê uma Cidade triste.
Ver. João Dib, eu lembro de V.
Exª quando participava de um programa de rádio. E, para não dizer que se está
querendo apenas fazer uma crítica a fim de desgastar um Governo, gostaria que
fizéssemos uma Comissão nesta Casa e saíssemos para ver, além das questões de
uma Cidade que está se deteriorando naquilo que foi construído, nós vamos aos
lugares, às comunidades e vemos as pessoas... Eu não quero acreditar que este
Governo está se pautando para que as pessoas não participem; isso, quando leva
para a interiorização, para o complexo apenas privado, tira a beleza da polis, que é justamente aquilo que flui
dessa participação.
Vamos aqui, durante essas várias Sessões, estar
aprofundando questões específicas. Na LDO - isto já ocorreu lá no Plano Diretor
também - houve um faz-de-conta em relação à participação popular, uma maquiagem
malfeita. Na verdade, as Regiões e o próprio Conselho do Orçamento
Participativo foram apenas informados do conteúdo da Lei e solicitados a mandar
sugestões, mandar bilhetinhos, sem nenhum processo organizativo de debate no
seu conteúdo e, posteriormente, na aprovação, como ocorria anteriormente. E nós
aqui ouvimos sempre as críticas de que era uma questão de partidarização. E agora
é a falta de conteúdo, a falta de participação. E, apesar disso, apesar da
fragilidade do debate, ainda assim não houve incorporação dessas sugestões
feitas por esses segmentos. Várias lideranças inclusive têm ligado para o
Gabinete e mesmo para a Bancada falando sobre isso, denunciando com desespero
agonizante! Mais uma vez - e agora sem a desculpa da falta de tempo, que antes
era colocado -, não houve a efetiva participação na elaboração da Lei de
Diretrizes Orçamentárias. Isso é o que a gente lamenta.
Na verdade, há um discurso e uma prática aqui, e há
outro discurso lá; aliás, marcam e não vão. Eu estou começando a achar que é
proposital. Há um esvaziamento das instituições. Eu acho que aqui está o
principal pensamento da vinda deste Governo: as comunidades hoje têm receio de
continuar participando, inclusive de outras formas que vêm colocada. Por quê?
Porque, na hora de decidir, de debater de fato, surge o Governo Fogaça
encontrando dificuldades, limitações e aí traz as coisas de uma forma superficial,
que não tem nada a ver com as organizações da nossa Cidade. Isso é falta de
vontade política, essa é exatamente a questão, porque não dá para dizer que
algumas pessoas que estão no centro dessa discussão são incompetentes. Não, eu
acho que elas são competentes, mas com uma outra lógica, que não é a que Porto
Alegre realmente enseja.
Então, para aqueles que têm
dúvidas, quero relatar aqui três exemplos em relação à dita participação na
elaboração da LDO: o exemplo do Partenon. O assessor indicado para as
discussões da LDO foi até o Fórum de delegados do OP sem ter nem o xerox para
distribuição aos participantes; fez alguns comentários genéricos sobre a
proposta e disse que haveria três dias para as pessoas encaminharem sugestões.
Nem o CAR - Centro Administrativo Regional - tinha o conteúdo nas mãos e nem
mesmo sabia dele, quer dizer, esses sim, os chamados de baixo clero, sem
absolutamente nenhuma informação, bem como das comunidades.
Isso se repetiu, que nós já
tínhamos conhecimento, em todos os fóruns do Orçamento Participativo. No COP
foi apresentada a LDO, foi solicitado que fossem encaminhadas as emendas na
hora e posteriormente durante - como foi colocado anteriormente - três dias,
sem que houvesse um espaço programado para a devolução e o aprofundamento das
propostas.
Gente, eu acho que é brincadeira! Voltou a época
novamente. Vamos decidir tudo no privado, lá no gabinete, e faço de conta que,
de fato, há uma suposta participação. Nós não inventamos a participação. Nós
ainda, mesmo tendo perdido uma eleição, acreditávamos quando era dito que ia
continuar, mas há uma escalada proposital para o esvaziamento. Isso é péssimo
para a cidadania, isso é péssimo para a cidade de Porto Alegre. Não é
responsável o que está acontecendo!
Amanhã, terça-feira, certamente estaremos
discutindo - daqui a pouco, lá na CEFOR também - até sexta-feira. Nós vamos ter
uma Audiência Pública e queremos encher a sala pequena lá da CEFOR com as
entidades participando, porque uma Audiência Pública, infelizmente, não vai
ser, Ver. Dib, já tinha colocado isso, num cenário maior. E nós queremos trazer
aqui aqueles segmentos que a Prefeitura, o Executivo não está tendo a
responsabilidade para chamá-los e para discutir, porque não servem. Servem para
essas pessoas apenas o olhar financeiro, econômico e técnico e não a
participação daqueles que dão vida a esta Cidade.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento da oradora.) Nobre Verª Maristela Maffei, nós teremos uma
Audiência Pública para que a coletividade possa expressar os seus anseios, os
seus desejos, fazer as suas emendas, colher todas as informações no dia 2, às
10h30min, aqui na Comissão de Finanças. Se houver um número maior de pessoas,
nós providenciaremos outro local.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Obrigada, Ver. João
Dib, eu tenho certeza de que não seria de outra forma, até porque V. Exª é um
Vereador responsável, já foi Prefeito desta Cidade, e também agora nós ajudamos
a anunciar esse importante momento que vamos ter aqui na Cidade.
Nós não queremos, Ver. João Dib,
uma Cidade triste; nós queremos uma Cidade feliz, uma Cidade que possa tocar a
sua vida, uma Cidade que possa incorporar todos os olhares, todas as falas,
todos os segmentos. Nós podemos não ter sido o que havia de melhor, mas fizemos
o que realmente acreditávamos. E não venham aqui colocar que havia uma
partidarização, porque, em cada Partido, nós não votamos apenas na pessoa que
vai estar lá representando o Prefeito, nós votamos em um conceito, num conjunto
de propostas. E o que vimos hoje, o que eu vou lamentar muito - vou repetir,
Ver. Ibsen Pinheiro, mesmo nós tendo perdido democraticamente - é o que esta
Cidade deixa de ter, no seu conteúdo, na participação maior de todos os
segmentos desta Cidade.
Voltaremos a discutir novamente,
na quarta-feira, aí, sim, entrando em questões como as que o Ver. Adeli Sell já
apontou, para, se necessário for, fazermos novas retificativas. Vamos trabalhar
para que isso seja colocado em prática. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. RAUL CARRION (Requerimento): Exmo
Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; eu queria anunciar e pedir um minuto de
silêncio pela morte do Sr. Alberto de Los Santos, cidadão de Porto Alegre por
esta Casa, nascido em Uruguaiana, que morreu aos 81 anos de idade. Foi membro do
Partido Comunista desde sempre, ex-preso político, era tradutor, revisor da
Universidade Nacional de Brasília e membro de todas as academias e grêmios
literários da nossa Cidade, pessoa muito conhecida e muito respeitada.
O SR. CARLOS TODESCHINI (Requerimento): Sr. Presidente, eu também queria fazer o encaminhamento do pedido do
minuto de silêncio em homenagem ao Ver. Neri Beier, colega, também, de
profissão, colega da Emater e Vereador, Líder do meu Partido, assassinado a
sangue frio na última sexta-feira, Presidente da Câmara de Vereadores da cidade
de São Nicolau.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Conforme
Requerimentos, solicitarei que prestemos esta homenagem.
(Faz-se um minuto de silêncio.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Obrigado.
(Manifestação dos Vereadores
sobre o não-cumprimento do minuto completo de silêncio.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu devo até
fazer um esclarecimento. Até uma determinada data, nós cumprimos rigorosamente,
cronometricamente, o tempo de um minuto. Aí, ponderaram-me, com fundamentos,
que esse minuto é simbólico. Então, temos adotado, a partir daquele momento,
esta orientação: é todo um simbolismo que não se mede pelo tempo, e sim pelo
caráter da intenção.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Perfeito. Sr.
Presidente, uma hora de aula dura 45 minutos; uma hora com um psiquiatra dura
45 minutos, então, um minuto de silêncio que dura 45 segundos, obviamente, não
é um desrespeito a ninguém; ao contrário, é um símbolo, é uma metáfora, é uma
forma de parar e fazer uma reflexão à pessoa que está sendo homenageada.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Perfeito. Eu
agradeço os subsídios acrescidos por Vossa Excelência.
Apregoamos as seguintes Emendas
ao PLE nº 011/05 - Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO: Emenda nº
01, de autoria do Ver. Professor Garcia; Emenda nº 02, do mesmo autor, e Emenda
nº 03. Também apregoamos a Emenda nº 02 ao PLL nº 034/05, de autoria da Verª
Manuela d’Ávila e do Ver. Dr. Goulart, que institui a Semana Municipal da
Juventude.
O Ver. Carlos Comassetto está com
a palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver.
Elói Guimarães; prezadas colegas Vereadoras, prezados colegas Vereadores,
prezado público que nos assiste, nessa discussão que iniciamos hoje sobre a Lei
de Diretrizes Orçamentárias, fizemos uma primeira análise com o objetivo muito
claro de verificar a LDO tanto do ponto de vista político como do ponto de
vista técnico.
Diante dessa primeira afirmação,
temos, primeiro, algumas considerações políticas a fazer aqui sobre o Projeto
da Lei de Diretrizes Orçamentárias enviado a esta Casa pelo Sr. Prefeito
Municipal José Fogaça.
A carência de discussão com a
Cidade, com os diversos instrumentos e mecanismos existentes na Cidade está se
tornando uma constante e uma realidade sob o ponto de vista de uma gestão
participativa, sob o ponto de vista de uma co-gestão administrativa, ou seja,
administrar em conjunto com a coletividade.
Nós aqui recebíamos muitas
críticas por instalar o processo da democracia participativa e por instalar,
entre outros instrumentos, o Orçamento Participativo e o Planejamento
Participativo. E esse processo orçamentário, seja ele do Plano Plurianual, seja
ele da Lei de Diretrizes Orçamentárias que recebemos aqui neste momento, seja
ele dos orçamentos anuais, de longe recebia uma qualidade de discussão com as
comunidades muito superior do que vem acontecendo nesse período. Portanto,
Vereadores da base governista, se quisermos ter realmente um diálogo e uma
afirmação da democracia participativa, temos que praticar a discussão prévia
desses temas com os diversos segmentos e com os diversos Conselhos aí
existentes. Portanto, dito isso, afirmo que é notória a carência da discussão
preliminar com a sociedade desse instrumento tão caro para nós, gestores
públicos, e para nós, sob o ponto de vista do Legislativo, fiscalizadores das
políticas públicas.
Passarei aqui a fazer algumas
observações e algumas considerações do estudo que fizemos sobre a LDO. Já lá no
seu capítulo I, nas diretrizes, metas e prioridades da Administração Municipal,
no Anexo I do art. 14, não está discriminado o órgão responsável pela ação.
Para se ter clareza, transparência e estar de acordo com o Plurianual é
necessária a especificação do órgão ou dos órgãos por ação. Não basta listarmos
lá que a ação 101 é a Bem-Me-Quer ou que a 103 é a Cidade Acessível, se nós não
estamos especificando qual o órgão público municipal responsável pela execução
desse programa e das suas ações.
Bom, Lei de Diretrizes Orçamentárias está justamente
dizendo isto: precisamos ter as diretrizes claras; para que nós, Vereadores,
possamos apreciar e votar um Projeto é necessária essa relação de clareza entre
o Plano Plurianual, que são grandes metas, entre a Lei de Diretrizes
Orçamentárias, que são diretrizes mais claras, e entre o Orçamento anual, que é
o detalhamento específico e claro do valor a ser investido em cada uma das
ações desses programas. Nós precisamos receber com clareza no art. 4º, no seu
Anexo, quais são os órgãos que irão executar essas ações. Em muitos desses
casos, os produtos e metas não estão especificados com clareza ou estão
imprecisos, porque, se falta esse desdobramento, podemos classificar que também
existem imprecisões.
Também podemos dizer que a LDO não está
considerando as demandas do Orçamento Participativo dos anos anteriores. Se já
estão gravadas nos planos de investimento dos anos anteriores, se já foram
gravadas por demanda popular obras a serem executadas, por exemplo, no
Orçamento de 2005, se não serão realizadas na LDO, tem-se que prever isso
futuramente. Esta Casa e a oposição aos nossos Governos fizeram muitas
críticas, dizendo que existem obras atrasadas do Orçamento Participativo, o que
nós nunca negamos. Agora, não negar essas obras é uma afirmação política; ao não
negá-las, elas têm que aparecer com clareza dentro da Diretriz Orçamentária,
mostrando quando e onde serão executadas. Elas não aparecem neste documento. O
que queremos dizer com isso e dialogar com a sociedade é que, em relação a
todas aquelas demandas anteriores a 2005 - inclusive as de 2005 - que não foram
ainda realizadas, não há previsão nas Diretrizes Orçamentárias para
executá-las. Eu trago esse questionamento para a base de Governo, e temos que
ter resposta para isso. Sob o nosso ponto de vista, é uma deficiência que
apresenta a LDO.
Se formos mais adiante, lá no seu
art. 7º, no seu parágrafo único, o Governo pretende incluir, alterar ou excluir
ações por meio da Lei de Diretrizes Orçamentárias, conforme foi aprovado no
PPA. Entretanto, não satisfeito com essa liberdade, o Governo quer ainda uma
carta branca para fazer alterações nas ações, por meio de suplementações na
execução do Orçamento. Bom, temos de analisar isso, e a nossa sugestão é fazer
uma emenda supressiva para excluir essa possibilidade de ficar, novamente, uma
carta em branco, sob o ponto de vista dos créditos adicionais serem colocados
para novos programas, novas ações e suplementações, pois o nosso entendimento é
para complementar aquilo que está orientado na LDO, que já está ali colocado, e
não para criar a possibilidade de novos programas que não aparecem agora.
E, por falar em suplementação,
vamos lá para o art. 14, que nos traz aqui uma situação muito delicada e muito
complicada, se falarmos em carta aberta ou cheque em branco. Eu, como cidadão,
ouvia muito esta Casa e, principalmente, ouvia muito a oposição criticarem as
LDOs anteriores e os próprios Orçamentos, que colocavam verba de suplementação
complementar. E esta Casa aprovou, no ano de 2003, uma suplementação de 4,2% do
Orçamento; aprovou, em 2004, uma suplementação de 4,25% no Orçamento e aprovou,
em 2005, uma suplementação de 4% do Orçamento. Agora a LDO vem para a Casa com
10% de suplementação do Orçamento. Dez por cento de suplementação do Orçamento
significa, sobre a verba que está lá de investimento, que é de 12%, uma rubrica
igual ou quase igual a todo o investimento proposto no PPA e na Lei de
Diretrizes Orçamentárias. Isso está equivocado.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Comassetto, todos os anos, dos 16
anos em que o PT esteve na Prefeitura, a proposição era de 10% para
suplementação, para que nós fizéssemos 4,2%. Fui eu que inventei esse número,
e, em geral, fica em 5%. Na verdade, nós, várias vezes, tentamos dizer que
seria por rubrica, e eles nunca aceitaram.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Ver. João Dib, se é
essa a sua posição, quer dizer que V. Exª já é aliado para também corrigirmos
este ano e baixarmos essa suplementação para em torno dos 4%, 4,2%, que V. Exª
sempre sugeriu.
O Sr. João Antonio Dib: Sem dúvida nenhuma!
O SR. CARLOS COMASSETTO: Muito obrigado. Já
temos um aliado na correção da LDO, sob o ponto de vista da suplementação, Sr.
Presidente. Haveria mais um conjunto de pontos para analisar, mas creio que
essas são questões centrais e importantes. Então, para concluir, aqui estão os
pontos que trago para a situação, sob o ponto de vista da lógica da oposição
progressista, que quer corrigir aquilo que não está bem focado.
Existe um conjunto na relação do
Anexo I do art. 4º que somente traz os programas, não traz quais serão os
órgãos executores. No art. 7º, estamos sugerindo, dando uma carta em branco, em
que poderão entrar novas ações que não foram analisadas ainda. E, no art. 14,
essa questão da suplementação que o Governo apresenta aqui de 10%, ao mesmo
tempo está sugerindo todo o investimento em 12%; em outras palavras, está
sugerindo ter uma carta em branco que poderá duplicar o investimento sem passar
pela discussão desta Câmara e da Cidade. Assim não dá, está equivocado. O Ver.
João Dib já é um aliado para corrigirmos isso. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João
Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Ilustre Presidente,
Ver. Elói Guimarães; Vereadores e Vereadoras, temos em 1º Sessão de Pauta
Especial a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2006. Efetivamente é o primeiro
ano que o Governo Fogaça passa a ter a sua Administração, porque, ainda neste
ano, ele está administrando o Orçamento aprovado pela gestão anterior, o último
ano do Plano Plurianual que está sendo cumprido. Então, a partir de 2006, o
Governo Fogaça passa a ter o seu plano, as suas metas, as suas diretrizes. E
certamente alguma coisa já mudou, mas outras coisas ainda continuam
necessitando de mudança. A primeira coisa que se observa no Projeto de Lei são
as diretrizes básicas, que são estabelecidas em quatro eixos. O primeiro é
manter e aprofundar os mecanismos de participação popular; o segundo eixo é
promover a inclusão social; o terceiro eixo, modernizar o desenvolvimento
econômico das cidades; e o quarto é modernizar a gestão pública.
O primeiro eixo - aprofundar os
mecanismos de participação popular - é para o fortalecimento do Orçamento
Participativo, há novas alterações, novas orientações, novas disposições, há
também a chamada Governança Local; o problema não é só gastar o dinheiro, é
necessário arrumar soluções para os investimentos na Cidade. Não adianta
discutir um assunto e dizer lá: “Nós perdemos no Orçamento Participativo”, e
isso fica perdido. Agora, a orientação é no sentido de que o Orçamento
Participativo decida, mas que também arranje soluções participativas,
parcerias, para que soluções maiores e mais amplas sejam encontradas.
O segundo eixo diz respeito à
promoção da inclusão social, que está também ligada ao terceiro eixo, que é
incentivar o desenvolvimento econômico da Cidade. Eu entendo que, se
desenvolvermos a parte econômica, a geração de emprego e renda, nós vamos
incluir muita gente socialmente. Nós vamos devolver a dignidade a essas
pessoas. É evidente que só o desenvolvimento, automaticamente, não inclui as
pessoas. Elas têm de ser acompanhadas pelo Poder Público, às vezes têm de ser
incentivadas, qualificadas, para poder fazer parte dessa inclusão social, dar
nova forma de dignidade às pessoas. Então, promover a inclusão social é muito
importante.
Hoje, tristemente, elas estão
fora, por exemplo, do atendimento à saúde, ainda estão demorando muito as
consultas. Ainda estamos caminhando para a solução definitiva sobre o déficit,
sobre a herança das cirurgias; ainda temos muita coisa a fazer. O Pronto
Socorro da Zona Sul, que provavelmente se realizará no Hospital Parque Belém -
isso falando da área da Saúde... Temos já em andamento um convênio com o Banco
de Olhos para ele assumir a parte oftalmológica do Posto de Saúde do bairro
Camaquã, resolvendo assim o atraso das consultas oftalmológicas e já, se for o
caso de cirurgia, dirigindo os pacientes diretamente para o Banco de Olhos, sem
a necessidade de marcar, de continuar na fila, de prejudicar a sua visão pela
demora, pelo atraso no atendimento dessa grande necessidade. Essas são coisas
que estão em andamento; eu vou, depois, se o tempo permitir, especificá-las.
Incentivar o desenvolvimento
econômico é realmente o foco do meu mandato: desenvolver, gerar emprego,
eliminar o passivo social de aproximadamente 120 mil desempregados na Região
Metropolitana. Isso é um verdadeiro caos que retira a dignidade da pessoa! Os
Vereadores, seguidamente, são procurados por pessoas com inúmeras dificuldades
sociais, e nós precisamos criar mecanismos que incentivem o desenvolvimento e a
geração de emprego e renda.
Modernizar a gestão pública é o
quarto eixo. Sim, Ver. João Antonio Dib, precisamos atualizar a nossa
Administração, qualificar os funcionários, equipar com as novas tecnologias e
colocar em prática, finalmente, o plano de controle de qualidade para o serviço
público.
O Ver. João Dib já falou que
concorda com a diminuição, e eu também concordo, porque muitas coisas já
mudaram e outras coisas ainda estão iguais, mas precisam ser mudadas. Não se
deram conta do equívoco dos 16 anos anteriores que precisa ser mudado, sim, sem
dúvida. O Ver. Comassetto falou aqui que cada Programa tem que ter um órgão
responsável pela sua ação. Sim, Vereador, cada Programa terá um funcionário de
carreira responsável pela sua execução, e esta é a grande diferença: a
valorização do funcionário público, do funcionário de carreira, que irá
acompanhar todos os Programas, e não há Secretaria indicada, porque a matéria
se refere a várias Secretarias que são envolvidas na discussão e na execução
dos Programas prioritários da atual Administração. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Encerrado o
período de Pauta Especial.
Passamos à
PAUTA
- DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05
oradores/05 minutos/com aparte)
1ª
SESSÃO
PROC. N. 4031/05 –
SUBSTITUTIVO N. 01, de autoria do
Ver. Adeli Sell, que dispõe sobre a adoção de ambulatórios odontológicos nos
postos de saúde próximos a creches e escolas do Município, ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO N. 028/05, de autoria da Ver.ª Mônica Leal.
2ª
SESSÃO
PROC. N. 0108/05 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 05/05, de autoria da Ver.ª
Manuela d'Ávila, que dispõe sobre a isenção do pagamento da taxa de inscrição
ao vestibular em universidades e faculdades estabelecidas no Município de Porto
Alegre para candidatos desempregados e residentes no Município, cuja renda
familiar seja igual ou inferior a cinco salários mínimos.
PROC. N. 2716/05 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 129/05, de autoria da
Ver.ª Manuela d'Ávila, que dispõe sobre a cassação definitiva do Alvará de
Funcionamento dos estabelecimentos situados no Município de Porto Alegre, cujos
funcionários ou seguranças tenham usado de violência no trato com clientes,
conforme especifica.
PROC. N. 4360/05 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 202/05, de autoria do
Ver. Elias Vidal, que inclui o tênis antiimpacto no rol dos Equipamentos de
Proteção Individual (EPIs) de uso obrigatório dos trabalhadores que desempenham
a efetiva função de gari.
PROC. N. 4876/05 –
PROJETO DE RESOLUÇÃO N. 124/05, de autoria da Mesa
Diretora, que dá nova redação ao art. 2º da Resolução n. 1.576, de 9 de outubro
de 2001, e alterações posteriores, que institui, na Câmara Municipal de Porto Alegre, quota básica mensal de custeio
de materiais e serviços para os gabinetes dos Senhores Vereadores, mediante a
redução do valor da QBM de 5.128 para 4.357,411 Unidades Financeiras
Municipais.
PROC. N. 4692/05 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 220/05, de autoria do
Ver. Márcio Bins Ely, que torna obrigatório o protocolo de toda e qualquer
reclamação, ofício, requerimento, solicitação de informações dirigida mediante
documento formal e por escrito, pelos consumidores, a empresas que tenham
matriz e filiais no Município de Porto Alegre.
PROC. N. 4815/05 –
PROJETO DE RESOLUÇÃO N. 123/05, de autoria da Ver.ª
Sofia Cavedon, que concede o Prêmio de Alfabetização Zilah Totta ao Colégio
Marista Professora Ivone Vettorello.
PROC. N. 4823/05 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 229/05, de autoria da
Ver.ª Manuela d'Ávila, que autoriza o Executivo Municipal a criar o “Programa
Hip Hop é Educação” nas escolas da rede pública municipal, firmar parcerias,
celebrar contratos e convênios com empresas, instituições, órgãos de governos,
fundações e entidades que desenvolvam trabalhos culturais, e contratar
Oficineiros representantes do movimento Hip Hop.
PROC. N. 4966/05 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 237/05, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Praça Irmão Romildo um logradouro público
não-cadastrado, localizado no Bairro Mário Quintana.
PROC. N. 5014/05 –
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N. 04/05, que
dispõe sobre autorização ao Poder Executivo para conceder redução da multa de
mora para pagar ou parcelar tributo e dá outras providências.
3ª
SESSÃO
PROC. N. 0125/05 - SUBSTITUTIVO N. 02, de autoria do Ver. Adeli Sell, que cria o Conselho
Municipal de Tradicionalismo Gaúcho no Município de Porto Alegre, ao PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO
LEGISLATIVO N. 08/05, de autoria do Ver. Bernardino Vendruscolo.
PROC. N. 0949/05 - SUBSTITUTIVO N. 01, que institui o Programa de Implantação de
Contêineres, no manejo, guarda e recolhimento de resíduos sólidos e dá outras
providências, ao PROJETO
DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO N. 34/05, ambos de autoria do Ver. Adeli Sell. Com Emenda
n. 01 ao Substitutivo.
PROC. N. 3341/05 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 167/05, de autoria do
Ver. Sebastião Melo, que institui a “Feirinha” de Artesanato na Rua Marieta
Menna Barreto, na Vila Petrópolis, como evento comercial e cultural do
Município.
PROC. N. 4125/05 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 190/05, de autoria da
Ver.ª Clênia Maranhão, que proíbe o consumo de bebidas alcoólicas nas
dependências de postos de gasolina, estacionamentos e similares localizados no
Município. Com Emenda n. 01.
PROC. N. 4761/05 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 222/05, de autoria do
Ver. Adeli Sell, que determina a reserva de bancos nos transportes coletivos do
Município de Porto Alegre para uso exclusivo de idosos, portadores de
deficiência física, gestantes e obesos.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, há uma série de Projetos de Lei para serem
discutidos, examinados. Seriam eles necessários? Eu tenho certeza de que, na
maioria das vezes, eles são desnecessários.
O Ver. Elias Vidal quer incluir tênis antiimpacto no rol dos equipamentos de proteção individual de uso obrigatório dos trabalhadores que desempenham a efetiva função de gari. Eu acho muito humano; realmente, acho humano. Não sei quanto custa um par de tênis desses. Essa não é uma atribuição do Legislativo Municipal, não é uma atribuição do Município, é uma atribuição para ser resolvida em legislação federal. Mas o Vereador está querendo legislar aqui, e é muito simpático oferecer um tênis antiimpacto; realmente é.
A Verª Manuela deseja que as
faculdades estabelecidas no Município de Porto Alegre dêem isenção do pagamento
da taxa de inscrição no vestibular. Eu fico pensando: se a pessoa não pode
pagar a taxa de inscrição no vestibular, será que pode pagar a mensalidade na
faculdade?
O Sr. Raul
Carrion: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Dib,
seria interessante complementar a ementa: para candidatos desempregados,
portanto sem renda, e residentes no Município, cuja renda familiar seja igual
ou inferior a cinco salários mínimos... Realmente, nós sabemos que um salário
mínimo deveria ter, talvez, o valor de cinco, para permitir residência,
alimentação, transporte e assim por diante.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Nobre Vereador, nós
sabemos que, com cinco salários mínimos, a família não coloca um aluno na
universidade paga; mas eu não tenho nada contra isso, evidentemente, não é isso
que vai impedir. Eu estudei na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na
Escola de Engenharia, e, quando eu a concluí, era pai de dois filhos e
trabalhava sete dias por semana. Não há problema, é possível fazer isso, sim.
Mas não é isso que eu queria falar.
Eu queria me situar na Exposição
de Motivos que faz a nobre Vereadora (Lê.): “Para isso é preciso democratizar o
acesso à universidade, permitindo que estudantes provenientes das camadas menos
favorecidas da população acessem-na...” E ela diz, adiante, que muitas
iniciativas vêm sendo tomadas nessa direção por parte do Governo Federal, no
que se refere à Reforma Universitária. Pois eu, na verdade, acho que o ensino
no Brasil vem muito mal há muito tempo; já na revolução, quando o Ministro
Tarso Dutra entendeu de criar mais universidades, cometeu um sério equívoco.
Todos os Vereadores aqui deste Plenário recebem, diariamente, dezenas de
pedidos de emprego; vem médico, vem engenheiro, vem advogado, vem administrador
de empresas, vem agrônomo, vem tudo que é titulado com canudo embaixo do braço.
Eu tenho 34 anos de Câmara e nunca recebi um técnico em eletricidade, um
técnico em fresa, um técnico em
mecânica que estivesse desempregado.
Então, o que nós fizemos aqui?
Criamos universidades, criamos faculdades; de Direito, nem se fala. Aqui e no
Paraná se fez o exame da OAB; passaram 8%; no Rio Grande do Sul é melhor,
passaram 38%. Mas nós precisamos é de cargo de nível técnico, fazer com que a
criança, ao ingressar, ao aprender a ler e a escrever, já aprenda uma profissão
e saia dali um técnico perfeito, quando concluir o 2º Grau. Eu tive, na Escola
de Engenharia, colegas que fizeram o antigo Parobé e depois entraram na Escola
de Engenharia, mas já estavam empregados, porque tinham uma profissão sólida e
boa. Eu lembro de um deles, o Leoni Engel, que se formou em Engenharia Elétrica
e foi trabalhar na CEEE, sem nenhum problema, procuravam pessoas como ele.
Quando os alunos do Parobé terminavam os seus cursos, vinha gente de São Paulo
e do Rio para buscar esses poucos alunos que aqui se formavam.
Nós não precisamos de mais
faculdades, nós precisamos cursos de nível técnico, com bastante
especialização, para depois o indivíduo decidir o que vai fazer na sua vida.
Repito, eu nunca tive que encaminhar nenhum técnico de coisa nenhuma para
emprego. Agora, médicos, advogados, engenheiros e outros tantos que por aí
estão, às dezenas. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver.
Professor Garcia está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, hoje há vários Projetos em Pauta, mas o primeiro
que nós queremos discutir é o Projeto de Lei do Executivo que dispõe sobre
autorização ao Poder Executivo para conceder redução da multa de mora a fim de
pagar ou parcelar tributo e dá outras providências. Entendemos que esse é um
Projeto inteligente, ele vai permitir que o Governo possa recuperar parte da
dívida a que tem direito, mas que muitas vezes o contribuinte não tem como
pagar, já que, após cinco anos, o próprio Executivo é obrigado a entrar com uma
ação contra o proprietário que tem um imóvel ou um terreno. E esse parcelamento
pode conceder uma redução de até 75% no valor da multa de mora - pagamento,
parcelamento ou reparcelamento do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza,
do Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana e da Taxa de Coleta
de Lixo, na forma a ser regulamentada por decreto do Prefeito Municipal. Ao
mesmo tempo, coloca que perderá o direito ao benefício da redução da multa de
mora o contribuinte que atrasar por mais de 150 dias consecutivos o pagamento
de qualquer parcela de débito.
É um Projeto inteligente, mas, ao mesmo tempo,
devemos ter o cuidado para não incentivar que as pessoas deixem de pagar os
seus tributos e, mais adiante, possam se valer desse tipo de parcelamento. De
qualquer maneira, eu acho importante tentar resgatar esses valores.
Nós vamos fazer um Pedido de Informações ao
Executivo, para saber, hoje, qual é o montante da dívida ativa em relação ao
crédito que o Executivo teria com os pagamentos atrasados do IPTU. Acredito que
esses valores, realmente, devam ser altíssimos, principalmente os imóveis que
não têm nenhuma construção, que são taxados com um percentual de 3% sobre o
valor venal do terreno. Então, o pagamento de algumas dívidas realmente fica
muito difícil. Volto a dizer, é um Projeto inteligente, mas queremos discutir
mais, porque temos de ver qual o mecanismo que o Governo vai trazer para não
parecer que o mau pagador será beneficiado.
O Ver. Elias Vidal apresenta um
Projeto que inclui o tênis antiimpacto no rol dos equipamentos de proteção
individual de uso obrigatório dos trabalhadores que desempenham a efetiva
função de gari. Entendo a real preocupação do Ver. Elias Vidal, mas acho
difícil legislarmos em cima, especificamente, dessa natureza, porque não é só o
tênis. O gari precisa de vários equipamentos, poderíamos colocar que, em dia de
chuva, ele tem de ter uma capa adequada e assim por diante em relação a todos
os equipamentos. Eu acho que essa discussão o Executivo tem de fazer com as
empresas.
A minha preocupação maior, em
relação aos garis, são as cooperativas. Essa questão foge um pouco do Projeto,
mas nós entendemos que grande parte das cooperativas vinculadas tanto ao Setor
Público Municipal como Estadual - eu vou usar um termo forte - fazem
verdadeiras picaretagens. Todos eles são sócios da cooperativa, só que quase a
totalidade dessas pessoas que trabalham nessas cooperativas não contribui para
o INSS, ou seja, são pessoas que estão totalmente alijadas no processo, não é
um processo construtivo. Inclusive, aqui nesta Casa, as pessoas que trabalham
no Serviço Geral - podem perguntar - não contribuem para o INSS. Isso é um crime
que nós estamos fazendo contra esses cidadãos. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Adeli
Sell está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; colegas Vereadores, Vereadoras,
telespectadores da TVCâmara, eu tenho a mesma opinião, a mesma posição e debati
inúmeras vezes as questões que o Ver. Professor Garcia acabou de colocar aqui;
eu queria manifestar a minha solidariedade às posições do Vereador, estamos em
plena sintonia.
O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Adeli Sell, obrigado pelo aparte. O Ver.
Professor Garcia, como V. Exª, mexe com um assunto para o qual precisamos dar
um destino, precisamos definir o comportamento desta Casa. Eu vou trazer aqui a
minha experiência profissional, dizendo que a maioria das cooperativas de
prestação de serviços em portaria nos condomínios de Porto Alegre tem origem em
empresas que faliram, e aí os seus proprietários se escondem através das
“coopergatos”, porque, realmente, não contribuem. A maioria dos seus associados
sequer conhece e sabe os seus direitos, e muitas reclamatórias trabalhistas que
hoje estão contra os condomínios em Porto Alegre buscam o enquadramento desses,
entre aspas, associados, buscam o seu reconhecimento como empregados dos
tomadores de serviços que são os condomínios, porque, infelizmente, essas
empresas nada têm para garantir. Na sua maioria, ao menos aquelas que eu
conheço, nada tem para garantir essas reclamatórias trabalhistas, enfim, os
recolhimentos dos encargos sociais junto ao INSS e à Prefeitura Municipal.
Obrigado e o nosso cumprimento a V. Exª também.
O SR. ADELI SELL: Como o tema está ficando na
discussão do Projeto sobre os equipamentos dos garis, quero dizer à Verª Mônica
que fiz um Substitutivo a um Projeto seu e a um do Ver. Bernardino. Quero
dialogar com V. Exas. sobre esses Substitutivos, porque acho que contribui para
que, na minha opinião, os Projetos tenham consistência e possam ser aprovados.
Então, Vereadores, tenho um diálogo franco com V. Exas. e quero discutir esses
dois Substitutivos.
Vou ficar na questão do Ver. Elias Vidal, que, de
fato, não é apenas a questão de ter um tênis antiimpacto. Se o problema fosse
esse, convenhamos, que vida maravilhosa seria a da nossa Cidade e a dos nossos
garis! O furo é mais embaixo! O problema é de legalidade - hoje o Ver.
Sebastião Melo participará de um debate na TV sobre a questão do recolhimento
do lixo, o problema da máfia do lixo, da corrupção, etc -, se depender de mim,
teremos um grande fórum para discutir a questão da terceirização dos serviços.
A nossa Guarda Municipal, por exemplo, recentemente
mudou para melhor o seu fardamento - quero elogiar o Secretário. Agora, a nossa
Brigada Militar tem um fardamento, tem um coturno, que eu acho que dificilmente
passaria na nossa legislação. Mas existe, está aí, é um problema.
O problema do gari está na sua relação de trabalho.
Se a Prefeitura Municipal, com os garis que tem, com os funcionários do DMLU
que tem, tem dificuldade de adquirir os equipamentos adequados, imaginem uma
empresa terceirizada, uma “coopergato”, porque as “coopertrampo”, como todo
mundo sabe, são empresas falidas: 90% das cooperativas de prestação de serviços
são empresas falidas. Inclusive, a que trabalha aqui, a Coometro. Todo mundo
sabe que, naquele endereço, em Canoas, não tem cooperativa. O endereço é aqui
em Porto Alegre, eu a notifiquei, eu a autuei em Porto Alegre; ela faliu e
continua funcionando. Nós poderemos ter um grande problema judicial ao pagar as
contas, a Câmara, a Prefeitura e todo o mundo no serviço público.
Eu vou analisar mais
detalhadamente o Projeto do Ver. Vidal, mas acho, Ver. Bernardino, Ver.
Professor Garcia, que nós temos de fazer um Substitutivo, conversar com o
Vereador, pois não se trata apenas desse problema. Esse problema é periférico.
O furo da bala é muito mais embaixo. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª
Maristela Maffei está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) O Ver.
Carlos Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver.
Elói Guimarães; prezados Pares, prezado público que nos assiste, prezados
ouvintes do Canal 16: dos novos Projetos que estão em Pauta, eu quero me
referir, hoje, ao PLCL nº 028/05, de autoria da Verª Mônica Leal - e do Ver.
Adeli Sell, porque apresenta um Substitutivo -, que diz respeito à adoção, ou
instituição e adoção por entidades, empresas, pessoas físicas de ambulatórios
odontológicos nos postos de saúde próximos a creches e a escolas do Município
de Porto Alegre, ficando o adotante responsável pela manutenção e conservação
dos ambulatórios odontológicos. Eu quero me referir a esse Projeto como uma boa
iniciativa. Porém nós não podemos correr o risco de sombrear o papel que o
Estado tem com a Saúde Pública. Hoje todos nós sabemos da debilidade e da
dificuldade que possui o sistema de saúde e os ambulatórios odontológicos
oficiais do Município de Porto Alegre, que continuam apresentando uma carência
de profissionais para atender ao público de nossa Cidade. Portanto, as filas lá
continuam.
Esse Projeto é, sim, importante e
interessante para poder socializar um problema de Saúde Pública, um problema
sobre a questão odontológica e que remete para que a iniciativa privada,
através de entidades, empresas ou pessoas físicas, possa fazer a adoção da
questão dos postos odontológicos. Quero trazer essa discussão aos nobres Pares
para que façamos essa análise de distinguir o que é responsabilidade pública
sobre a saúde e no que podemos envolver a sociedade, fazendo uma instituição e
adoção. Mas nós não podemos querer com isso substituir a responsabilidade do
Estado - neste caso, responsabilidade do Município - perante uma política
pública setorial, que é o tema saúde, e, no caso aqui, saúde bucal, saúde
odontológica.
O segundo Projeto que continuo
trazendo à discussão, até porque estamos entrando na Semana Farroupilha ou na
Semana em que homenageamos e comemoramos a cultura do gaúcho, diz respeito à
constituição do Conselho Municipal do Tradicionalismo Gaúcho em Porto Alegre,
já me referi em reuniões passadas nesta Casa sobre a importância desse Projeto.
Cada vez mais estou convencido disso, não só por ter uma atividade profissional
relacionada ao meio ambiente e à agronomia, que o tema do gaúcho e o tema da
cultura eqüestre têm um potencial fantástico e que nós não utilizamos esse tema
com toda a sua potencialidade como um gerador de renda, como um gerador de
cultura, como um gerador da qualificação dos espaços ambientais.
E aqui, aproveitando, Ver.
Bernardino, quero registrar também que, ontem à noite, participava, lá na
Expointer, do leilão de cavalo árabe, e, fantasticamente, muitos produtores são
de Porto Alegre, residem na Grande Porto Alegre, é um sucesso, e não é só o
cavalo árabe, mas o crioulo, o cavalo manga larga, enfim, é a cultura gaúcha
hoje, que é a maior cultura eqüestre do mundo! Os temas culturais precisam ser
trabalhados com a qualidade da pluralidade que têm. Mesmo dentro do tema do
gaúcho, não é esta visão monolítica, não, do CTGs sobre a ótica da hegemonia
conservadora, como alguns dizem. Não! Esse é um processo que já vem avançando e
sendo revolucionário.
Inclusive, para concluir, Sr.
Presidente, queria aqui fazer um outro registro, a cultura do gaúcho é a
cultura que apresenta a maior diáspora no mundo hoje, ou seja, que está
distribuído por todo o mundo. Nós temos CTGs em quase todas as Capitais
mundiais, em Tóquio, em Nova Iorque, em Genebra, em Paris, em Londres. E nós
aproveitamos muito pouco esse potencial para canalizar essas energias do mundo,
para que venham ser potencializados os recursos aqui, na nossa Casa, a Capital
do gaúcho, a Capital do Pampa, deste Pampa que inicia aqui e vai até à Patagônia,
no Sul da Argentina. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. João
Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Presidente Elói
Guimarães, Vereadores, Vereadoras, em Pauta há um Substitutivo do Ver. Adeli ao
Projeto da Verª Mônica Leal, que trata sobre a adoção de ambulatórios
odontológicos localizados em postos de saúde próximos a escolas e creches do
Município. É um Projeto importante, porque permite uma parceria para que
entidades adotem esses serviços odontológicos. Hoje, inclusive, já estão
ocorrendo serviços odontológicos móveis também. Na quarta-feira, a Assistência
Social dos Irmãos Maristas vai inaugurar um ônibus completo que circulará nas
vilas pobres, atendendo, na área da odontologia, pessoas carentes. É importante
que o Município tenha um convênio com essas instituições, que realmente a
parceria seja aplicada. Nós estamos, aqui na Casa, com o Projeto de Parceria
Público-Privada, e isso é mais um avanço nas relações sociais do Município.
E também temos um Projeto da Verª
Manuela d’Ávila que dispõe sobre a isenção do pagamento da taxa de inscrição no
vestibular em universidades e faculdades estabelecidas no Município de Porto
Alegre, para candidatos desempregados e residentes no Município, cuja renda
familiar seja igual ou inferior a cinco salários mínimos. É um Projeto
meritório, mas normalmente essa inscrição - o valor, talvez um pouco maior -,
seja em faculdade ou universidade particular, legalmente estabelecido... Quem é
que vai pagar o custo dessa inscrição, a elaboração da prova, tudo isso? De
onde será tirado isso? Quem vai pagar? Se houver quem pague, sou a favor do
Projeto. Mas o Parecer da Procuradoria do Município diz que está interferindo
na atividade econômica, e isso não é constitucional, não é atribuição da Câmara
de Vereadores.
Mas, por falar em vestibular, em
inscrição de vestibular, eu fico muito triste - porque isso faz parte desse
assunto amplo da Educação - com o anterior Ministro da Educação Tarso Genro,
que, no sentido de fazer a Reforma Universitária, retirou das faculdades
filantrópicas a possibilidade de darem bolsas de estudos a estudantes
universitários carentes. Retirou e criou o ProUni. Muito bem, o ProUni deste
ano ainda não está funcionando, por quê? Porque iria ser realizado o exame do
ENEM neste mês, e o que foi feito? O Ministro saiu do Ministério, entrou outro
Ministro, e prorrogaram por mais um mês o exame do ENEM. O que está acontecendo
na prática? Mais de dois milhões de estudantes carentes estão inscritos e não
vão ter bolsa neste semestre, porque o ENEM foi transferido para o fim de
setembro, depois vão decidir as bolsas em outubro ou fim de novembro. Ou seja,
neste semestre aniquilaram com as bolsas de estudo.
Então, o Projeto da Verª Manuela
que trata da isenção da taxa de inscrição no vestibular ficou prejudicado,
porque não haverá bolsas, e os alunos carentes não poderão estudar neste
semestre. É um grande prejuízo para a Educação, para o futuro do nosso País.
Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. RAUL CARRION (Requerimento): Sr.
Presidente, nós queríamos entregar a V. Exª o discurso do professor Hélgio
Trindade, que recebemos hoje pela Internet, agradecendo à Casa a honraria que
recebeu. Eu vou passar às suas mãos, para divulgação aos demais Vereadores.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós já
havíamos mencionado que incluiríamos no nosso Memorial o discurso do Professor
Hélgio Trindade por ocasião da entrega do Título de Cidadão de Porto Alegre,
pelos dados de análise histórica que ele faz. Neste sentido, vamos remeter esta
peça ao Memorial.
Conforme combinado hoje pela
manhã entre as Lideranças, nós faremos aqui uma reunião conjunta das Comissões
e, ato contínuo, entraremos na Ordem do Dia. Podem ser usados os Tempos de
Liderança agora.
A Verª Manuela d’Ávila está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MANUELA D’ÁVILA: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, devo confessar que quanto mais coisas eu vejo
mais me surpreendo, pois identifico que muito pouco conheço e que há mais
cinismo em alguns setores da sociedade brasileira do que eu, o meu Partido e as
pessoas com quem convivo gostariam que houvesse. Assistindo nesta semana ao
programa gratuito do PFL, ouvi o Senador Bornhausen, Presidente daquele
Partido, se dizer - com este tom de voz, Ver. João Dib - chocado com a crise
política e com as denúncias de corrupção. Dizia, com uma voz muito serena, algo
que a mim fez rir e depois ficar chocada: que nunca havia visto isso na
história do nosso País, que o seu Partido era contra qualquer acordo e que
queria punição de todos os corruptos.
Eu sou contra qualquer acordo e
quero a punição de todos os corruptos. O que me espanta é o Senador Bornhausen
- desculpem-me se a pronúncia não está correta - dizer que quer a punição dos
corruptos - ele, do Partido de Antonio Carlos Magalhães, que acobertou a saída,
pela porta dos fundos, do Senado quando aquele Senador violou e comandou o ato
de violação do painel do Senado da República. Depois, não satisfeito com isso -
e por isso digo que quanto mais eu vejo mais me choco -, Bornhausen, numa
manifestação no CIESP - Centro das Indústrias do Estado de São Paulo -, disse
que estava encantado com o momento político, porque “vamos nos ver livres dessa
raça durante pelo menos trinta anos”, fazendo menção aos Partidos de esquerda
que compõem o Governo Federal.
Primeiro, ele se diz chocado e,
depois, encantado porque vai se ver livre de uma raça. Deve estar encantado,
como bem me lembra o Ver. Raul Carrion, com o seu próprio cinismo, com os seus
atos e as suas demonstrações de crescente “fascistização” - se existe esta
palavra; se não existe, eu me dou o direito de inventá-la ou reinventá-la, Ver.
Dib - do Estado brasileiro e com a tentativa de descaracterizar a verdadeira
crise ou a tentativa de esses grupos dominantes voltarem ao poder antes do
tempo.
Para completar o meu final de semana, eu fui
obrigada a ler uma manifestação do Prefeito José Serra, do PSDB. Ele dizia que,
quanto ao PSDB, todos os Governos do seu Partido e todos os políticos do seu
Partido foram isentos nos tribunais penais e da história. Que dissesse dos
penais, tudo bem, porque trancou todas as CPIs - a da compra de votos para a
reeleição e tudo isso -, mas de qual história o PSDB está isento? Dos milhares
de desempregados que deixou neste País nos oito anos do Governo Fernando
Henrique? Da desesperança que plantou na juventude brasileira? É essa a
história que inocentou e que isentou o PSDB?
Este mesmo Prefeito José Serra diz, como
ex-Presidente da UNE - e é o único ex-Presidente da UNE a quem eu não confiro
nenhuma autoridade moral -, que a UNE está sendo “chapa-branca”. Mas, como bem
me lembrou, num artigo, o meu companheiro, camarada de Partido, Aldo Rebelo,
quando José Serra dirigia a UNE, em 1964, foi obrigado a depor - veja a ironia
do destino, Ver. Elói - numa CPI que acusava a UNE de “chapa-branca” por
defender a democracia e o povo brasileiro. Nós cansamos desse cinismo! A
juventude brasileira e não só a juventude, mas os mais de oitocentos
intelectuais que assinam o abaixo-assinado pela radicalização democrática e
contra a desestabilização do Governo Lula cansaram desse cinismo! Nós cansamos
de ver o Deputado Onyx Lorenzoni fazer de conta que tem autoridade moral para
pautar a corrupção neste País. Nós, sinceramente, com o direito que a história
nos dá, estamos chocados com a cara-de-pau desses setores da sociedade que usam
de mentiras, que usam do cinismo para tentar desestabilizar o Governo Lula.
Saímos às ruas em Brasília, em
Salvador, em Porto Alegre e, sexta-feira, em São Paulo e mostramos que, mais
uma vez, como em tantas outras da história, a juventude brasileira, embora
deixe de acreditar na política - uma recente pesquisa mostrou que 90% não
acredita nos políticos -, volta a sair às ruas e a denunciar os verdadeiros
lacaios dessa história e os verdadeiros cínicos que tentam destruir e não
mudar, efetivamente, o nosso País.
Nós estamos cansados e chocados com tanto cinismo
de tantos políticos supostamente respeitados deste País. Muito obrigada.
(Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE
(Elói Guimarães): Queremos registrar, para honra desta Casa, a
presença do Dr. Pedro Gus, Secretário Municipal da Saúde.
O Ver. Bernardino Vendruscolo está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. BERNARDINO
VENDRUSCOLO: Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, não se preocupem, porque eu não farei crítica a
Partido algum, nem a Parlamentares; vou fazer uma sugestão a esta Casa, Sr.
Presidente: que nós possamos levar um assunto mais a fundo, que é o assunto das
cooperativas, especialmente da cooperativa que presta serviços a esta Casa.
Se nós, seguidamente, estamos assistindo a
Vereadores - principalmente, o Ver. Adeli Sell - virem à tribuna para fazer
denúncias a respeito das irregularidades dessa cooperativa que presta serviços
a esta Casa, não podemos também negar que a responsabilidade perante o
Ministério do Trabalho, perante a Previdência, é do tomador de serviços, ou seja,
da Câmara de Vereadores. Então, parece-nos muito justo, Sr. Presidente, que
busquemos esclarecer o fundamento dessas denúncias, porque esta Casa é
responsável, como é qualquer empresa ou qualquer profissional que toma serviço
de outro.
Queremos aqui, em nome da Bancada
do PMDB, Ver. Elói Guimarães, sugerir que esta Casa possa buscar com mais
profundidade a veracidade dessas denúncias, porque não podemos ficar a ouvir e
a ouvir e não buscar essas informações. E não podemos, também, negar que o
tomador de serviço - no caso, a Câmara de Vereadores - é o responsável, sim,
pelas possíveis irregularidades, se forem confirmadas. Antes, eu falava da
minha experiência com as empresas que prestam serviço de portaria aos
condomínios, que muitas delas acabam trazendo dor de cabeça aos condomínios por
não recolherem os encargos sociais. Agora, imaginem os senhores, as
cooperativas!
Nós sabemos que há muitas
decisões judiciais que desconsideram, descaracterizam a cooperativa ou o
sistema cooperativado, quando mandam os condomínios assinarem a carteira dos
empregados, porque sequer foram respeitados os princípios, os critérios para
cooperativados. São os cooperativados que elegem os seus representantes; são os
cooperativados que elegem a sua diretoria; são os cooperativados que
estabelecem a verba da diretoria. Mas nós sabemos também que, na maioria das
empresas cooperativadas - e aí eu não falo só aqui da Casa, mas de um modo
geral -, os seus empregados, os seus prestadores de serviço, os seus
cooperativados - não importa o nome que se dê -, não têm o mínimo de
conhecimento dos seus direitos. Eles se referem ao presidente da cooperativa
como dono da cooperativa. Logo, essas pessoas não têm as mínimas condições para
avaliar, saber dos seus direitos e dos seus deveres.
E é por isso, Sr. Presidente, que
eu reforço o pedido para esta Casa averiguar, ao menos aqui, essa cooperativa
que presta serviços, para ver se estão respeitando a legislação como deveriam
respeitar. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Claudio
Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, a Verª Manuela d’Ávila tem trazido para nós pautas importantes
de trabalho nesta Casa. Hoje nós, os 36 Vereadores desta Casa, talvez devamos
fazer coro aos momentos infelizes das declarações do Senador Bornhausen.
Realmente, no conjunto dos 36 políticos desta Casa,
os Vereadores de todos os Partidos são exatamente iguais entre eles, com os
mesmos direitos e deveres. Quando eu tive momentos desagradáveis aqui, tive a
solidariedade, por exemplo, da Deputada Federal Maria do Rosário. Ela me
visitou pessoalmente, foi no meu gabinete num momento desagradável pelo qual eu
estava passando. Quando ela estava passando por um momento desagradável, com
uma mágoa profunda, eu fui visitá-la no seu gabinete.
Então, esse respeito pelos Partidos - e muito mais
do que pelo Partidos, pelo ser humano individualmente, por cada um dos seres
humanos - é muito caro para mim. E qualquer coisa que eu lhe falar agora, Verª
Manuela, eu gostaria que V. Exª entendesse como um contraponto e jamais como
qualquer ofensa pessoal.
Eu tenho certeza que V. Exª voltará atrás sobre
aquele panfleto em que V. Exª escreveu que o “tucanato rosnou”. Não, “o
tucanato não rosna!” O rosnado pertence aos cães, aos cachorros, a um grupo de
animais que talvez seja o melhor amigo do homem. Mas os tucanos não rosnam;
eles falam, eles sentem, eles são seres humanos iguais a todos os outros.
Então, talvez um dia, a sua autocrítica, num acesso de modéstia, vá dizer: “Eu
posso ter errado”. Mas, se V. Exª entender que está certa, então tudo bem. Mas
dizer que o “tucanato rosnou”, esse argumento ninguém vai aceitar.
Em segundo lugar, nos excessos
verbais, V. Exª tem chamado aqui o ex-Presidente Fernando Henrique, que é
Presidente de honra do meu Partido e é meu amigo pessoal, de “Príncipe das
Trevas” e de outros adjetivos que aqui nem cabem repetir tal a maneira
desagradável, a maneira hostil e a maneira pouco compatível com o seu finesse; esse tipo de política nós não fazemos. Eu acho que política se faz
criticando as ações políticas, fazendo outro tipo de proposta, mas querer,
neste momento, terceirizar a crise, ah, não vai levar! Dizer que tem golpe, ah,
também não vai levar! Essas estratégias nós já conhecemos.
Quero-lhe dizer que, de um tempo
para cá, V. Exª faz parte da política, dessa mesma política que é abominada em
90% pelos seus colegas de mesma faixa etária, da juventude; V. Exª também faz
parte dessa política que pode ser muito bem feita, que pode ser resgatada e que
pode ser muito bem trabalhada, desde que haja um pouco mais de boa vontade, um
pouco mais de serenidade e um pouco menos de uma certa postura que, às vezes,
até pode ser característica da voluntariosidade de V. Exª - que eu elogio, e
muito, e que eu gostaria de ter -, mas que pode ser também uma forma de melhor
relacionamento no momento em que, realmente, eu não concordo com as palavras do
Senador, acho que é exatamente o contrário. É o momento em que o Partido dos
Trabalhadores vai mostrar que tem garra e que tem energia para “dar a volta por
cima”, para sair desse momento crítico. Mas terceirizar a crise e dizer que a
crise está nos outros, nós não vamos aceitar.
Por isso, eu acho que é um
momento excelente para que a Nação veja que está sendo lancetado esse grande
abscesso. Quem sabe, daqui a muito pouco tempo, nós teremos, além da graça e do
sorriso dessa linda criança, um País um pouco melhor e um pouco menos poluído.
É isso aí.
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Aldacir Oliboni assume a
presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Ervino
Besson está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Vereadoras e
Vereadores, senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e pelo Canal 16
da TVCâmara, queria saudar a todos.
Neste momento, falo em nome da
Liderança do meu Partido, o PDT, com muita honra. Eu tenho dito desta tribuna
que, quando apresento um Projeto de Lei, normalmente o trago de fora, a partir
das reivindicações da nossa comunidade. E este Projeto de Lei que vou relatar
agora aos senhores e às pessoas que nos assistem pelo Canal 16 da TVCâmara foi
elaborado depois de uma ampla discussão com a comunidade e foi trazido para ser
discutido nesta Casa com os colegas Vereadores e Vereadoras.
O Projeto trata da seguinte
matéria: quando os consumidores recebem a sua conta de água, ela vem no nome do
bem da pessoa e não no nome do consumidor. Isso está causando sérios problemas
para alguns moradores da cidade de Porto Alegre. Como já disse, um grupo de
pessoas me procurou, meu caro Ver. Todeschini - V. Exª que foi Diretor do DMAE
e lá fez um belo trabalho -, e então montei este Projeto de Lei em 2004, mas
ele foi rechaçado pelas Comissões. Foi arquivado no final do ano, como todos os
Projetos, a fim de que fosse pedido o desarquivamento no próximo ano pelos
Vereadores. Eu pedi o desarquivamento do Projeto e apresentei um Substitutivo,
que também foi rechaçado pela Comissão de Constituição e Justiça. Mas eu mudei
o Projeto original, transformando-o em um Projeto Autorizativo, para que
abríssemos essa discussão neste Plenário, para que a comunidade também
participasse dessa discussão.
Só que, estranhamente, o Relator
da CCJ, o Ver. Almerindo Filho, e os meus queridos colegas Vereadores, todos,
por unanimidade, votaram pelo Parecer do Relator Almerindo Filho, que foi
contrário ao Projeto. Cito os nomes: Ver. Ibsen Pinheiro, que é o Presidente;
Ver. Paulo Odone; Ver. Carlos Todeschini; Ver. Márcio Bins Ely, com quem
conversei longamente a respeito deste Projeto; o Presidente do Diretório
Metropolitano do meu Partido - também conversei com ele a respeito -, Ver.
Nereu D'Avila; Ver. Valdir Caetano. Como está no Parecer da Comissão, que foi
aprovado unanimemente pelos seus Vereadores, este Projeto é inconstitucional.
Mas eu gostaria que o Projeto viesse para o Plenário e vou reapresentá-lo, vou
contestar mais uma vez, com a minha assessoria, para que venhamos a fazer a
discussão aqui neste Plenário, porque eu não conheço nenhum Município, nenhum
Estado - pelo menos naqueles em que fiz consulta -, em que os consumidores não
recebem o seu consumo de água em seu nome. É só aqui na Capital.
Em relação ao telefone, nós recebemos em nome do consumidor, assim
como a luz, a Corsan, e por que com a água é diferente? Isso está causando
problemas aqui em Porto Alegre para muitos moradores; pessoas, às vezes, que
moram em ruas com problemas de numeração, que não recebem a conta, porque vai pelo
endereço e não em nome do consumidor. Por que não? Nós abrimos uma discussão
aqui nesta Casa - eu, pelo menos, acho de extrema importância - e vamos ouvir o
Executivo Municipal também. São custos? Pelas informações que eu obtive, não as
obtive na Prefeitura, mas de alguns colegas Vereadores, a Prefeitura não teria
condições, no momento, de mudar todo o cadastro, porque seria um extraordinário
trabalho. Mas é o início! Todas as coisas sempre têm um início.
Portanto, acho que vou
reapresentar o Projeto, faço até um apelo aos colegas Vereadores: vamos abrir
essa discussão! Nem que o Projeto não passe aqui nesta Casa, mas o importante é
abrir essa discussão, porque a população quer, a população está pedindo. Eu
gostaria que fizéssemos uma ampla discussão, e vamos trazer aqui o Executivo
Municipal, os técnicos do DMAE, para ouvir as suas opiniões. Porque eu tenho
certeza de que o Projeto trará um grande benefício para a população de Porto
Alegre que tem a conta com o seu endereço e não com o nome do consumidor, o que
está trazendo muito prejuízo.
Era isso, meu caro Presidente.
Agradeço a V. Exª, excedi-me no tempo, mas acho que iremos reabrir essa
discussão, que trará algo novo para a nossa Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver.
Maurício Dziedricki está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. MAURÍCIO DZIEDRICKI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, servidores desta Casa, quero registrar aqui, em nome da Bancada do
Partido Trabalhista Brasileiro, uma menção honrosa decorrente das comemorações
do último dia 25 - Dia do Soldado. Hoje foi realizado um grande ato de
comemoração, com o General Cláudio no 3º RGE, no Regimento da Polícia do
Exército, em que foi outorgada a Medalha Marechal Zenóbio da Costa, o primeiro
Marechal a comandar as Forças Expedicionárias Brasileiras contra o
nazifascismo, registrando dessa forma o empenho que tem a Polícia do Exército
nos últimos 47 anos. E eu tive a honra de estar lá, de participar, inclusive de
receber a Medalha de Honra, o que me deixou muito satisfeito, por poder prestar
minimamente os prestígios que as Forças Armadas merecem.
Mas o que me remete a vir a esta
tribuna registrar, em nome da Bancada do meu Partido, são as questões com
relação à política nacional de segurança. Hoje eu vi um exemplo da Polícia do
Exército treinada, equipada, com extrema habilidade para tratar das questões
das maiores adversidades, e ela, por muitas vezes, acaba sendo subutilizada.
Aqui, hoje, convoco a Bancada do
PT, que acompanha o Governo Lula, para que nos ajude a promover uma política
nacional de segurança mais eficaz, para que haja, sim, uma parceria. E nós já
tivemos um exemplo no caso do Rio de Janeiro com a participação do Exército,
não naquelas situações mais gravosas, mais delicadas, mas naqueles momentos em
que há de se ter a presença, a participação das pessoas, das entidades, dos
organismos que versam sobre Segurança Pública.
Eu falo isso porque, neste último
fim de semana, aconteceu mais um grave crime nas imediações da Av. Protásio
Alves. Uma jovem advogada, Beatriz Fabres, foi vitimada por conta de um
assalto; no momento, ela entendeu de reagir e acabou falecendo, deixando mais
uma vítima nas estatísticas da criminalidade de Porto Alegre. Se não tivermos
uma política de segurança eficaz, principalmente nesses locais onde existem
bolsões de miséria, bolsões de pobreza, onde não há alternativas para aquelas
pessoas que se valem de armas, que se valem da criminalidade para conseguir,
por ventura, a comida, a habitação ou até mesmo as necessidades básicas de que
o ser humano precisa, nós vamos continuar sendo vítimas e será cada vez maior o
número de crimes como esse.
Hoje eu ouvi, ao meio-dia, no
Jornal do Almoço, o depoimento da mãe da Beatriz Fabres, foi algo extremamente
comovente, mas, se olhado unicamente, isoladamente, é mais um caso. Quantos
outros casos não são comunicados? De que forma a Brigada Militar e a Polícia
Civil irão intervir? Este Parlamento tem responsabilidade, sim, Ver. Dib, no sentido
de que possamos construir políticas de inclusão social dessas pessoas menos
favorecidas que se valem dos armamentos, que se valem da criminalidade para
conseguir oportunidades. A Câmara Municipal não pode ficar omissa em relação a
essa questão. E mais do que isso: nós devemos convocar, inclusive, a
participação que foi anunciada da Assembléia Legislativa, permeando também o
Congresso Nacional, apesar de todas as dificuldades que ele vive neste momento
de crise política. Acima de tudo, devemos convocar os nossos Executivos para
que, nas suas políticas de segurança nacional, nas políticas de segurança do
Estado e do nosso Município, tenhamos controle sobre a criminalidade, porque,
do contrário, cada vez mais, nos encerraremos atrás de grades, de veículos
blindados, de segurança particular, porque a criminalidade está solta, e esta,
sim, vale-se de todas as armas, vale-se de todas as oportunidades, de todos os
princípios mais desrespeitosos para ofender as nossas vidas.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver.
Professor Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, hoje, quando comecei a discutir a Pauta, falei especificamente
sobre a questão da terceirização e principalmente da questão das cooperativas.
Agora eu quero fazê-lo no tempo de Liderança.
Em novembro de 1999 foi aprovada
na Casa a terceirização dos serviços de limpeza (Lê.): “...coloca em extinção
na Câmara Municipal de Porto Alegre à medida que vagarem os cargos efetivos da
classe de Auxiliar de Serviços Gerais e o CC de Consertador de Máquinas e
institui a terceirização”. Na época houve uma grande discussão. Este Vereador
votou contra a terceirização. Mas o que me preocupa é que esses servidores que
estão realizando o trabalho aqui na Casa fazem parte de uma cooperativa, são
sócios dela, mas nenhum deles - volto a repetir -, nenhum deles contribui para
o INSS. Ora, o que nós estamos fazendo aqui? Falamos tanto em justiça social, mas,
ao mesmo tempo, para aqueles que nos servem no dia-a-dia, nós viramos as
costas. Isso ocorre também com as terceirizadas, e a origem da minha fala
inicial foi a questão dos garis, que também não contribuem para o INSS.
Pelo sistema de cooperativas, todos
eles são sócios, são proprietários da cooperativa. Ora, nós sabemos que a
realidade não é essa, nós sabemos que essas pessoas, quando ficam doentes, não
têm direito como os demais trabalhadores que contribuem para o INSS. Se
realmente queremos fazer justiça social, nós temos que começar a discutir esse
tema aqui na Casa, aqui na Câmara dos Vereadores, tentar ver por que essas
pessoas não contribuem. Será que não contribuem porque não querem? Porque são
proprietárias da cooperativa? Não! Não contribuem porque não têm condições de
contribuir; viramos as costas. Então, nós temos que encarar essa situação.
A Casa, no meu entendimento,
tinha que fazer com que cada um desses servidores contribuísse para o INSS,
porque é a forma de justiça social de as pessoas que são trabalhadoras, ao
longo e num determinado tempo, terem o ressarcimento e, pelo menos, terem a
garantia da sua aposentadoria. Não vou entrar no mérito, porque sabemos que
essas aposentadorias também não conseguem manter as pessoas. O nosso sistema é
um sistema muito injusto, por isso recentemente eu disse: “Ora, se essa questão
do ‘mensalão’ ficar comprovada, a primeira coisa que deveria ser feita, como
justiça social neste País, é uma nova votação da Previdência, porque, daquela
forma como foi feita, é um espúrio em cima do povo brasileiro”. Nós não podemos
aceitar isso.
Então, eu volto a dizer: vou
pedir a cada um dos Vereadores e Vereadoras e àqueles que trabalham que
conversem com essas pessoas e perguntem se eles não querem contribuir para o INSS.
Querem, sim! E nós não podemos virar as costas. Eu acho que fica muito difícil
falar em justiça social, se nós mesmos não a praticamos. Muito obrigado, Sr.
Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, na fala sobre o Orçamento,
que começamos a discutir agora, bem como antes, no Plurianual e também agora,
na LDO, nas nossas primeiras falas, nós sempre procuramos discursar sobre o que
está acontecendo na Cidade, num plano mais geral e, em especial, na questão da
participação. Desde a antiga Grécia, na polis,
na cidade, ou mesmo na casa, ou na oikia, reconhecia-se o governo de uma só
pessoa. A polis, então, era composta
de muitos governos. É claro que lá havia limitações: as mulheres não
participavam, e os homens discutiam política
com as que hoje nós chamamos de “profissionais do sexo”; as donas-de-casa eram
mais reprodutoras, não havia ainda os direitos constituídos da mulher. O
pessoal da área de Direito e História sabe do que nós estamos falando.
Hoje nós avançamos. E nós,
durante 16 anos, Verª Manuela, tentamos estabelecer um novo parâmetro de
participação nesta Cidade, fazendo e colocando em prática não o Estado de
Direito, mas um direito para todos, e aí, sim, se constitui aquilo que a gente
coloca como o porquê do Estado, em que a população participa, em que o povo
participa, e, em especial, no que nós concebemos aqui como o que significa povo
e o que significa população.
O que nós vemos hoje? Nós - quero bater na mesma
tecla - vemos uma Cidade decadente e triste! Quero propor aqui uma Comissão que
vá olhar as paradas de ônibus de Porto Alegre! É um caos! Quero propor, Sr.
Presidente dos trabalhos, que saia daqui, de cada Bancada, um Vereador, uma
Vereadora, para a gente ver que isso é aqui! É a rotina, é a organização, é o
método! Não se está implementando isso! Quando se deixam de fora determinados segmentos,
eles vão demonstrar a sua rebeldia de alguma forma, não é mesmo, Verª Margarete
Moraes? Quando se descentraliza e não se dá valor à Cultura, onde é que as
pessoas vão-se expressar? Nós tínhamos teatro na rua! Nós fazíamos teatro na
periferia! Hoje nós temos um centro cultural na Lomba do Pinheiro, adquirido
por dinheiro público e onde já havia verba reservada! Um caos!
E, mais do que o caos de ver um
prédio caindo aos pedaços, é o caos da falta de vontade! Nós temos um Prefeito
inerte, que faz, às vezes, três agendas por dia! E não é conosco! Marcam
agendas e não vão! Eu espero que o Ver. Nedel, que, certamente, vai-se
inscrever depois de mim, até porque o PP não usou a sua Liderança ainda, nos
diga por quê! Pois estamos preocupados com as questões nacionais também.
Aliás, tivemos aqui, na
sexta-feira, um debate do meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, de alta
qualidade e relevância, fizemos uma profunda reflexão sobre os nossos problemas
internos, diferente daqueles que nunca quiseram enfrentar os seus problemas,
que saem fazendo passeatas na rua, como se a derrota do PT fosse uma coisa
maravilhosa para a democracia! Escondem-se os sociais-democratas dos ricos,
destruidores da humanidade, vêm e falam no tom que querem, depois vêm falar:
“Ai, meu Deus, porque individualmente...”
Não! Dói na pele de quem sente!
Agora, por favor, quando nós vimos aqui, colocamos as coisas que queremos, sim.
Que sejam todos, que sejam todos, sim, penalizados, aqueles que traíram o nosso
projeto, porque não fomos nós que os traímos. Agora, tenham altivez,
sociais-democratas, em especial! Tenham altivez, PFL, em especial, de saber
qual é e o que foi o significado da passagem dessas... Eu até tenho medo de
falar o que eu penso, mas vou procurar manter, como diz o Ver. Sebenelo aqui, a
nossa discussão dentro de um patamar de dignidade. Porque foi a privatização, a
falta de autonomia; o problema territorial que hoje nós enfrentamos tem nome.
O próprio PMDB, quando esteve no
Congresso, esteve também no Senado - e tinha maioria, diferente de nós -,
jamais teve peito, coragem, Ver. João Dib, de fazer as reformas necessárias,
reformas que, muitas vezes, são contraditórias em muitos pontos para nós, mas
necessárias para a governabilidade. Agora, vamos enfrentar a corrupção no seu
todo, no seu todo! Bornhausen! Ora essa! O que foi o escândalo com o Alckmin,
na questão da FEBEM? A FEBEM do Estado de São Paulo, vamos enfrentar, sim!
Agora, não venham dizer que, ao
enfrentar, precisamos ser humildes, passar uma humildade desnecessária! O que
falamos é da vergonha que nós temos. Nós temos vergonha, sim! Vergonha do
passado e vergonha do que alguns dos nossos realmente - se for comprovado -
fizeram! Agora, nós temos que seguir a política e nós vamos seguir, porque as
pedras do caminho têm de ser enfrentadas com altivez, varrer as que estão
atrapalhando e seguir um projeto, e os socialistas não vão se acuar frente a
uma crise e à responsabilidade que têm de governar um País. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. João
Carlos Nedel está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, Sras Vereadoras, eu não posso responder à Verª
Maristela, porque estava fora, ali ao lado, por ocasião da inauguração de uma
exposição sobre o Holocausto. Este “holocausto” está revivendo agora na
política brasileira.
Eu queria falar sobre dois
assuntos: o Ver. Todeschini disse que estou criticando o ProUni. Não, não estou
criticando o ProUni. Critica-se o Governo Federal, porque vai distribuir as
bolsas, retirando a possibilidade de que as faculdades e universidades
filantrópicas concedam a bolsa; vai conceder bolsa com chapéu alheio. Antes
funcionava muito bem e agora está provado que já não está funcionando.
Prorrogaram o ENEM por mais um mês e acabaram com as bolsas durante este
semestre, prejudicando mais de dois milhões de pretendentes a bolsas de estudo,
dois milhões de pessoas! Isso é triste, é um problema muito sério e realmente
comprova a incompetência deste Governo. Já estavam marcadas as provas do ENEM,
pois, por incompetência, transferiram por mais um mês, depois vão prorrogar as
inscrições, e este semestre acabou. Como é que ficam os pobres que estão
estudando, que passaram na PUC, no IPA, na Unisinos, na Ulbra? E os pobres,
Verª Neuza Canabarro, vão ficar privados de estudar por seis meses?
E eu queria falar um pouquinho
sobre a grande injustiça que fizeram com o INSS do Rio Grande do Sul. Vejam,
senhoras e senhores, com uma “canetada”, com um Decreto, acabaram com a
Superintendência do INSS no Rio Grande do Sul e colocaram a Superintendência em
Santa Catarina. Acabaram com a do Paraná. No Rio Grande do Sul, há três vezes
mais contribuintes do INSS do que em Santa Catarina. No Paraná, há, no mínimo,
duas vezes mais que em Santa Catarina. Verª Neuza, gostaria que me ouvisse: V.
Exª sabe por que acabaram com a Superintendência do INSS em Porto Alegre, para
bem atender os beneficiários do INSS? Pasmem, senhoras e senhores! Não foi pela
importância de Santa Catarina, porque ela detém a menor quantidade de segurados
e de beneficiados do INSS, foi porque, Ver. Nereu - e essa é a tristeza -, a
Superintendente de Santa Catarina é do Partido dos Trabalhadores e madrinha do
neto do Presidente da República. Essa é a tristeza, politicagem da mais... Que
coisa mais triste! Isso é o que nós vivemos. Esta é a República que nós
vivemos.
Eu espero que a sociedade do Rio
Grande do Sul promova um movimento para anular esse Decreto, porque é
prejudicial aos milhares de beneficiários do INSS, que já são maltratados e
agora, daqui para frente, serão mais ainda.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª
Maristela Maffei está com a palavra.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, só
para dizer à situação “maldosa” aqui desta Casa que o Ministério está com o
PMDB e que o Ver. Nedel foi muito infeliz, usou termos aqui da tribuna que não
condizem com um Parlamentar desta Casa.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: A Vereadora pode usar
o tempo de Comunicação de Líder, pode usar outros tempos para responder.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: O Presidente pode me dizer, eu não preciso de “corregedor da
direita” para me dizer alguma coisa.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Havendo
quórum, passamos à
Estão suspensos os trabalhos para
a reunião conjunta das Comissões.
(Suspendem-se os trabalhos às 17h37min.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães - 17h58min): Estão reabertos os trabalhos da presente Sessão.
(encaminhamento:
autor, relator e bancadas/05 minutos/sem aparte)
PROC. N. 1339/05 – RECURSO –
Apresentado pelo Ver. Luiz Braz quanto à decisão do Presidente desta Casa no
que diz respeito à interpretação do art. 173 do Regimento, aplicada durante a
votação do Requerimento n. 146/04, em 21 de fevereiro de 2005.
Parecer nº 389/05:
- da CCJ. Relator Ver. Nereu D’Avila: no qual consta a
seguinte conclusão:
“...
Pela
procedência do Recurso.”
Observações:
- votação nos termos do art. 99 do
Regimento da CMPA;
- incluído na Ordem do Dia em
22-08-05;
- encaminharam a matéria os
Vereadores L.Braz, C.Comassetto, R.Carrion e P.Odone, em 24/08/05.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Conforme o
estabelecido, retomamos a Ordem do Dia, em que examinaremos o Recurso -
Processo nº 1.339/05.
Antes dos encaminhamentos, a título de
esclarecimento e informação, passarei a ler este pequeno apanhado (Lê.): “No
dia 21 de fevereiro deste ano, foi colocado em votação o Requerimento nº 146,
de autoria dos Vereadores e Vereadoras: Maristela Maffei, Carlos Pestana, Gerson
Almeida, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Juarez Pinheiro, Maria Celeste,
Renato Guimarães, Sofia Cavedon.
“Inicialmente, a Verª Sofia Cavedon, o Ver. Luiz
Braz e o Ver. Carlos Todeschini encaminharam a proposição. Após o
encaminhamento do Ver. Carlos Todeschini, o Ver. Luiz Braz, em Questão de
Ordem, questionou os encaminhamentos da Verª Sofia Cavedon e do Ver. Carlos
Todeschini, afirmando: ‘O nosso Regimento diz que Requerimento pode ser
encaminhado pelo autor e pela Bancada. Acontece que dois Vereadores já
encaminharam pela Bancada do PT, sem que fosse o autor um dos que
encaminharam.’ Foi a colocação do Ver. Luiz Braz.
“Este Vereador” - o Presidente -
“interpretou o Regimento e entendeu que a concessão da palavra à Verª Sofia e
ao Ver. Todeschini estava correta, uma vez que a proposição era de autoria
coletiva e tinha a Verª Sofia Cavedon entre os diversos autores. Assim, a Verª
Sofia encaminhou como autora, e o Ver. Carlos Todeschini encaminhou pela
Bancada do PT. Não recebendo a Questão de Ordem do Ver. Luiz Braz, este
impetrou recurso, nos termos do Regimento, contra a decisão do Presidente. A
Comissão de Constituição e Justiça manifestou-se favoravelmente ao Recurso, por
entender que a interpretação do Regimento deve ser clara e não deve possibilitar
dubiedades.
“No dia 29 de agosto, iniciou-se
o encaminhamento do Recurso, e esta Casa, nesta data, deve concluir a votação,
por esta ser contínua. Esses esclarecimentos apenas relatam os fatos que ora se
decide: a correta interpretação do art. 173 do Regimento. Todavia, cabe
esclarecer que, em 21 de fevereiro do corrente ano, este Presidente
interpretou” - no entender, aqui, do documento - “corretamente o Regimento.
Essa interpretação em nada feriu as interpretações anteriores, uma vez que
utilizaram a palavra a Verª Sofia Cavedon, como autora, e o Ver. Carlos
Todeschini, pela Bancada do Partido dos Trabalhadores.”
Era esse o esclarecimento que nós
gostaríamos de fazer, mas ouço o Ver. Luiz Braz.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, o objetivo deste
Vereador foi apenas fazer com que houvesse uma interpretação de acordo com
aquilo que era a história da Casa, com relação ao art. 173. Na época,
Presidente, não se falava em autoria coletiva, e eu lembro que a discussão que
nós tínhamos, a discordância era exatamente com o art. 173. Ele fala no
encaminhamento dos autores e de Líderes ou representantes ou indicados por
eles. Então, entendia este Vereador que esses indicados por eles se referiam
apenas às Lideranças e não ao autor. Agora, se V. Exª coloca aquele Projeto
como de autoria coletiva, como V. Exª está colocando, este Vereador não teria
nenhum motivo, nenhuma razão para fazer aquela Questão de Ordem e, se o fez,
foi apenas para que pudéssemos continuar dando a interpretação que dávamos ao
art. 173 anteriormente. Mas não vou colocar nenhum óbice para que V. Exª possa
arquivar a matéria ou votá-la de uma outra forma, porque, afinal de contas, o
que eu pretendia, na época, é que continuássemos com a interpretação que estava
sendo dada de forma anterior.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu agradeço,
Ver. Luiz Braz, a manifestação de Vossa Excelência. Estou pedindo o Processo,
que está com a Verª Maristela Maffei, apenas para mostrar a V. Exª, Ver. Luiz
Braz, que ali constam as assinaturas de todos os Vereadores. Por isso o fato
determinante é tratar-se de uma co-autoria, um Requerimento coletivo e não
feito individualmente.
Vossa Excelência gostaria de
ponderar, Vereadora?
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, eu
gostaria de congratular-me com o encaminhamento que faz o Ver. Luiz Braz,
porque me parece muito pertinente o encaminhamento de V. Exª, senão estaríamos
terminando com a possibilidade do Requerimento coletivo, o que, parece-me, é
uma perda muito grande para a democracia, para a manifestação democrática nesta
Casa. E, uma vez que é coletivo, não dá para determinar quem será o coletivo
que falará. Então, parece-me pertinente que se arquive o Recurso.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Vou proceder à
leitura do art. 101, parágrafo 4º (Lê.): “Será considerada proposição coletiva
aquela em que os signatários manifestarem expressamente a intenção de
co-autoria.” É exatamente o caso da matéria. Por isso pedi o Processo para
disponibilizar: são oito Vereadores que transcrevem. Está inclusa a Verª Sofia,
que encaminhou. É o Processo nº 5341/04, onde são co-autores: Verª Maristela
Maffei, Ver. Carlos Pestana, Ver. Gerson Almeida, Ver. Guilherme Barbosa, Verª
Helena Bonumá, Ver. Juarez Pinheiro...
O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente, se V.
Exª me permite, acho que vivemos um raro momento de unanimidade nesta Casa.
Todos nós concordamos que encaminhar é prerrogativa de autor, e essa era a
preocupação do Ver. Luiz Braz.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Exatamente.
O SR. IBSEN PINHEIRO: Que se reafirmasse
esse princípio regimental. Estamos todos de acordo. E, quanto à matéria, de
fato, depois dos esclarecimentos feitos por V. Exª, estamos todos de acordo, a
matéria é de autoria coletiva. Então, o Regimento está preservado, e também o
fato está preservado. Eu só não sei - talvez V. Exª possa me esclarecer, como
Questão de Ordem - se é momento ainda de o autor desistir do Recurso, porque
parece que essa foi a intenção.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Essa seria a
questão a ser informada. Nós vamos ter que decidir, deliberar.
O SR. IBSEN PINHEIRO: Se a matéria é
passiva de desistência e se for essa a intenção do autor...
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós
deliberaríamos. Então, deliberamos, evidentemente.
O SR. PAULO ODONE: Ainda dentro desse tema, quando
se votou o Parecer do Ver. Nereu na Comissão de Justiça, ignorava-se o fato de
haver esse Requerimento manifestando a intenção da co-autoria coletiva. Então,
a Comissão de Justiça, que apreciou o Recurso do Ver. Luiz Braz, teve essa
visão. Agora, esclarecido que havia esse documento, aí eu concordo com o Ver.
Ibsen Pinheiro de que há uma unanimidade, não há mais discussão, e para mim, se
tivéssemos visto antes, teria até perdido o objeto, porque não discutimos isso.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Então, nós
temos que decidir e encaminharemos no sentido de votarmos contra. Eu colocaria
da seguinte maneira, Ver. Luiz Braz, com a vênia de V. Exª: os Vereadores que
são contrários ao presente Recurso permaneçam como se encontram. (Pausa.) REJEITADO o Recurso.
Não havendo mais nada a tratar,
face ao acordo feito entre Lideranças e Mesa, encerramos a presente Sessão.
Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h11min.)
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